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Quando os brancos sofrem
CLÓVIS ROSSI
Hamburgo - Os telejornais europeus
estão carregados das deprimentes cenas de albaneses fugindo do país, no
segundo grande êxodo de brancos na
história recente, após a Bósnia.
Antes, os protagonistas eram africanos, cubanos, vietnamitas -enfim, a
turma das bordas do mundo. Claro
que a Albânia é também periferia, como país mais pobre da Europa. Mas é
Europa (ainda).
Talvez tivessem fugido antes, se o Estado policial não fosse tão rígido. Mas
não deixa de ser paradoxal que escapem agora que, supostamente, podem
desfrutar das benesses do capitalismo.
Hoje, os telejornais virarão o foco
para a cúpula entre os presidentes Bill
Clinton e Bóris Ieltsin , na Finlândia,
o que permite algum paralelismo. A
transição para o capitalismo na Rússia é assim descrita por um jornal do
coração do império, ``The New York
Times'':
``O capitalismo não produziu nenhum grande `boom' industrial; o investimento estrangeiro continua decepcionante, especialmente quando
comparado com o dinheiro que flui
para uma China ainda nominalmente
comunista; uma vulgar nova classe rica de criminosos e cleptocratas parece
dominar um governo ainda feudal''.
Na essência, nada de muito diferente da Albânia, a não ser no ponto de
partida (a Rússia nunca foi exatamente pobre). Talvez por isso, os telejornais ocidentais provavelmente jamais exibirão cenas de um êxodo desesperado dos russos.
Podem, entretanto, mostrar algo
mais inquietante, se estiver certo Martin Wolf, comentarista de outro grande jornal do capitalismo, o britânico
``Financial Times''.
Ele vê três caminhos à frente para a
Rússia: democratizar-se e virar uma
``dinâmica economia de mercado'',
transformar-se num ``regime corporativo corrupto e despótico'' ou uma
mistura dos dois, ``turbulenta ela própria e uma fonte de turbulência para
outros (países)''.
A conferir.
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