São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Brasil real
"Quero agradecer a Jean Ziegler por seus comentários lúcidos sobre o fato de brasileiros morrerem de fome por descaso das elites. Isso reflete as políticas econômicas que vêm sendo implementadas desde os militares -todas voltadas para a exclusão social e para o enriquecimento ilícito da nossa elite subdesenvolvida e atrasada. Agora, o governo vem criticar o relator da ONU, dizendo que ele está agindo de má-fé. A verdade é que esse homem viu o Brasil real."
Luis Polonini (Rio de Janeiro, RJ)

"Parabéns à Folha pela foto publicada na Primeira Página de ontem. Com um ar de sudeste asiático, mostrou que, na maior cidade da América Latina, orgulho da força brasileira devido à sua produção e à sua riqueza, alguém oferece um serviço por "um real para não pegar doença de rato". A foto esclarece quem tem razão: Jean Ziegler, o enviado da ONU -para quem o Brasil enfrenta "uma guerra social'-, e não o governo brasileiro -cego, surdo, mas não mudo. (Isso sem falar da notícia do 15º atentado a um prédio público, porque é algo que acontece corriqueiramente em qualquer país desenvolvido do mundo e não deve ser considerado como um demonstrativo de "guerra social')."
Jorge Vulibrun (Florianópolis, SC)

"Os recentes ataques a instituições policiais e a fóruns da Justiça mostram, de forma inequívoca, que o país está em pleno processo de guerrilha urbana, cujo propósito, aliado a outras modalidades criminosas, visa tão-somente a desestabilizar o governo. Ou as instituições reformulam sua atuação para enfrentar os novos tempos, ou, a médio prazo, será inevitável uma guerra civil -com a extinção de todas as garantias individuias diante do estado de caos que se instalará. As próximas eleições são de fundamental importância para que não aconteça no Brasil o que se passa na Argentina, onde a falência dos poderes se tornou uma realidade."
Sérgio Martins Vianna (Rio de Janeiro, RJ)

Deus
"O artigo "O nome do problema é Deus" (Mundo, pág. A29, 17/3), de Salman Rushdie, foi claro nas descrições da situação atual da Índia, mas extremamente infeliz na sua conclusão. Pode-se atribuir a muitas pessoas culpa pelo ódio motivado pela religião, exceto a Deus -até pelo fato de que, no país onde o escritor nasceu (Índia), a maioria da população adora milhares de deuses. Qual deles seria o culpado? Na verdade, a culpa é do fanatismo religioso, ou seja, das pessoas que, estimuladas por seus líderes religiosos, usam suas religiões para agredir seus semelhantes."
Jairo Diniz Dantas (São Paulo, SP)

Segurança
"Em relação à reportagem "RJ investiga; SP diz desconhecer aliança" (Cotidiano, pág. C3, 16/3), a Secretaria da Segurança Pública esclarece: 1. A reportagem afirma que a Secretaria da Segurança Pública do Rio de Janeiro vai se reunir pela primeira vez nesta semana com os representantes do Ministério Público de São Paulo. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, por sua vez, sempre esteve e já se colocou à disposição para tratar de ações organizadas que envolvem os dois Estados. 2. A afirmação de que há desentendimentos entre as secretarias da Segurança de São Paulo e do Rio de Janeiro não corresponde à verdade. 3. A SSP-SP tem atuado com a Polícia Federal e com as polícias dos demais Estados no combate à criminalidade. Fatos recentes, amplamente divulgados, comprovam essa afirmação."
Carlos Alberto da Silva, coordenador de comunicação da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Abrigo
"A injusta nota "Abrigo legal", publicada na seção "Painel" em 18/3 (Brasil, pág. A4), a respeito do desembargador Márcio Martins Bonilha, agride um dos mais dignos magistrados do país e revolta a magistratura nacional. Antigo assinante, lamento a redação maldosa que insinua, até mesmo pelo título, que o foro privativo seria privilégio de magistrados, esquecido o seu apressado autor de que foi instituído em favor de autoridades públicas cujos atos, desde 1988, deixaram de ser examinados pela Justiça local exatamente para garantir maior isenção no julgamento."
José Fernandes Filho, presidente da Comissão Executiva do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça (Belo Horizonte, MG)

BNDES
"Parabenizo Marilene Felinto pelo excelente artigo "Violência legítima é com a Globo Cabo" (Cotidiano, pág. C2, 19/3). No entanto a grande dificuldade permanecerá. Como ensinar ao cidadão comum o que fazer para defender-se da manipulação do seu voto? Com tantos miseráveis neste país, o BNDESocial poderia significar alguma esperança para minimizar essa guerra social. Política, a arte de bem governar, difere em muitos aspectos de "política, a arte de oprimir"."
Clarice Pietro Cordeiro David (Garça, SP)

Camisinha e amor
"Em vez de fazer campanha pelo uso da camisinha, que tal se o Ministério da Saúde fizesse campanha pelo respeito ao casamento ou pela dignidade do corpo humano? Uma campanha em defesa da responsabilidade do ato sexual. Sim, porque a proliferação da Aids não se deve ao não-uso da camisinha. A epidemia se deve à promiscuidade, à banalização da vida sexual, às trocas frequentes de parceiros, à libertinagem crescente em matéria de sexualidade. O padre Marcelo tem razão. Não podemos estar de acordo com a propaganda desenfreada da camisinha, que se tornou uma panacéia contra todos os males da vida moderna. A solução não é a camisinha. A solução é a educação para o amor, o respeito pelo casamento, o uso correto da sexualidade. Mas isso não dá ibope nem agrada à libertinagem geral. Que tal o governo começar fazendo uma campanha de moralização da televisão -em que o corpo, sobretudo o da mulher, aparece de maneira tão desrespeitosa?"
João Carlos Ribeiro, padre salesiano (Recife, PE)



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