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MENOS MAL
Pela primeira vez desde setembro do ano passado, o Banco Central (BC) se absteve, em sua
reunião mensal de ontem, de aumentar a taxa de juros básica. Limitou-se a explicitar que pode elevá-la a
qualquer momento -cautela compreensível diante de uma guerra cujas implicações são incertas.
A manutenção dos juros básicos
não chegou a surpreender, dado que
desde o início do mês observou-se
descompressão relevante em vários
segmentos do mercado financeiro: o
risco-Brasil caiu, a cotação dos títulos da dívida externa subiu, o preço
do dólar cedeu. Além disso, foram
divulgados resultados de inflação
um pouco mais favoráveis.
Refletindo esses fatores, as expectativas de inflação -elemento que o
BC leva em conta para definir a taxa
de juros- tiveram pequena queda.
Há um mês a expectativa média do
mercado era de que o IPCA (o índice
de preços que baliza a política de metas de inflação) teria alta de 12% em
2003. A seguir essa expectativa continuou em alta e chegou a 12,56%, mas
cedeu nos últimos dias para 12,38%.
Essa última taxa ainda é bem superior ao objetivo formal do BC de limitar a alta do IPCA neste ano a 8,5%.
Esse objetivo, embora anunciado há
apenas dois meses, já se revela extremamente ambicioso: como a inflação acumulada no ano já chegou a
3,9% ao se encerrar o primeiro bimestre e deve ultrapassar 4,5% no fechamento do trimestre, as taxas
mensais teriam que cair para apenas
0,4% nos nove meses finais do ano.
Como nesse período diversos preços -com destaque para o da energia elétrica- terão, por razões contratuais, elevações fortes, para limitar a inflação do ano a 8,5% seria preciso estabilizar abruptamente os demais preços. E isso exigiria uma elevação brutal dos juros.
A maioria dos analistas financeiros
elogiou a decisão do BC de manter os
juros inalterados. É sinal de que reconhecem, mesmo que em muitos casos apenas implicitamente, que perseguir a ferro e fogo a atual meta de
inflação para 2003 tenderia a ter um
custo recessivo insuportável.
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