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CRIME E MATURIDADE
As ações recentes do crime organizado, com os atentados no
Rio de Janeiro e o assassinato do juiz-corregedor de Presidente Prudente,
indignaram os cidadãos e impuseram às autoridades um ritmo de urgência na adoção de medidas para
combatê-lo. Com efeito, os grupos
criminosos, robustecidos pelos lucros do narcotráfico, atingiram um
novo e perigoso patamar em sua atividade, com conexões internacionais
permanentes, esquemas de lavagem
de dinheiro e cúmplices nas polícias,
na Justiça e nos Legislativos.
É compreensível que, quando o crime logra desmoralizar os poderes do
Estado, minando sua capacidade de
impor a ordem e garantir o direito à
vida, surjam vozes que reclamam soluções mágicas. Estas passam em
geral pelo arrepio da legalidade e pelo reforço da repressão na ponta
mais visível do crime, o varejo de drogas nas grandes cidades. São medidas que infelizmente têm desembocado no fenômeno recorrente e criminoso dos esquadrões da morte.
Nas horas mais graves, porém, cabe aos governos federal e estaduais
agir com firmeza e serenidade, mostrando que há alternativa tanto à improvisação quanto ao imobilismo. A
democracia brasileira está madura o
suficiente para dispensar apostas em
milagres, que só aumentam a frustração dos eleitores. O desafio de garantir a segurança dos brasileiros é
uma excelente oportunidade para a
retomada da idéia de processo, que
implica fortalecer as instituições e reformá-las, se necessário.
É possível ter um plano nacional
com metas de curto, médio e longo
prazo contra o crime organizado. Segundo especialistas, esse plano deve
incluir reforço das fronteiras contra
o contrabando de drogas e armas;
atuação mais efetiva da fiscalização
bancária contra a lavagem de dinheiro; medidas de proteção a policiais e
agentes penitenciários ameaçados e
de punição dos corruptos; e mais rigor, via mudanças na Lei de Execução Penal, nas condições de encarceramento dos chefes criminosos que
comandam seus negócios de dentro
das prisões.
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