UOL




São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Poesia
"Quando aceitei o convite do ministro Gilberto Gil para participar da sua equipe no Ministério da Cultura -como secretário do Livro e Leitura-, estava consciente de que teria de renunciar a projetos pessoais por causa do Código de Conduta da Administração Federal, elaborado pelo Comitê de Ética da Presidência da República. E assim tenho feito. A nota "Versos próprios" ("Painel", pág. A4, 19/3), que se refere à tradução do meu livro "Algaravias" pelo tradutor de poesia brasileira Adolfo Montejo Navas, contém ilações maledicentes que envolvem meu nome. Infelizmente, os dotes de minha bola de cristal não poderiam supor, em dezembro de 2001, quando o projeto de tradução foi apresentado à Biblioteca Nacional e foi aprovado na gestão do professor Eduardo Portela, que eu ocuparia o cargo de secretário do Livro no Ministério da Cultura no governo Lula. Tampouco poderia eu renunciar aos prêmios Jabuti e Alphonsus Guimarães recebidos pelo livro. Aliás, o projeto de tradução do livro "Algaravias" não é de minha autoria, e dele não vou receber nem sequer um tostão furado. Esclareço ainda que Adolfo Montejo Navas é amante da poesia brasileira contemporânea e já traduziu para o espanhol autores como Sebastião Uchoa Leite e Armando Freitas."
Waly Salomão , secretário do Livro e Leitura do Ministério da Cultura (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Rogério Gentile, editor do "Painel" - A bolsa para a tradução do livro do secretário do Livro e Leitura, paga pelo ministério do qual faz parte, foi concedida pela atual gestão -no dia 24/2/2003, conforme atesta o "Diário Oficial" da União.

Ciência
"A comunidade científica brasileira luta desesperadamente ao longo de 55 anos para se fazer ouvir. A história da SBPC mostra que ela só se tornou uma referência nacional quando lutou pela liberdade de expressão durante o regime militar. Ao se instituir o regime democrático, era natural que ela se voltasse para a discussão de problemas científicos e promovesse a divulgação da ciência. Essa tarefa vem sendo feita com toda a paixão por uma plêiade de cientistas, que, voluntariamente, dedicam seus esforços para fazer a transição que a mudança de regime exige. Em nenhum momento de sua trajetória recente a SBPC foi atrelada aos governos que se sucederam. Apenas deixou de servir de palco para ambições políticas desmedidas. Nos últimos oito anos, sucessivas diretorias incorporaram à SBPC 64 sociedades científicas, de forma que se constituísse, na prática, uma espécie de federação. Todas as atividades são compartilhadas entre todas as sociedades afiliadas. Quanto à eleição de sua nova diretoria, o estatuto da SBPC prevê que, além de o conselho poder indicar nomes, cem sócios podem fazê-lo. Como sócio que é, o professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite ("A morte anunciada da SBPC", "Tendências/Debates", 19/3) sabe que o processo eleitoral apenas se iniciou e deve ter recebido a carta encaminhada a todos para que se organizem e apresentem alternativas de candidaturas àquelas do conselho. O fato de um candidato potencial usar um meio de comunicação do porte desse jornal para apresentar a sua plataforma mostra que a SBPC não está propriamente morrendo. O que todos desejamos é que todos os cientistas responsáveis participem das eleições e façam da SBPC uma instituição pujante, capaz de inserir a ciência e a tecnologia na agenda política do país. Gostaria de solicitar à Folha espaço para que os candidatos à presidência da SBPC tornassem públicas as suas idéias a respeito do futuro da instituição."
Glaci Zancan, presidente da SBPC (Curitiba, PR)

Os sertões
"Os curadores da mostra Miragens do Sertão, ora em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, deveriam ver que também existe sertão (e filmes sobre ele) além e aquém do Nordeste, do Centro-Oeste e do Sudeste do país. Checando a programação, notei que todos os filmes de ficção tematizam fatos históricos, a ficção e a atualidade dessas regiões. Nada contra isso, muito pelo contrário. Ali são revistos, entre outros, alguns dos clássicos do nosso cinema, como "Os Fuzis", "Deus e o Diabo na Terra do Sol", "Vidas Secas", longas que fizeram a minha cabeça de realizador nos anos 60. A mostra, além de expelir do mapa cinematográfico a região Norte, discrimina o Brasil "portunhol-imigrante europeu" do Sul, e aí falo do extremo sul -Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Como sou oriundo daquela região -e de sua magnífica história-, filmei alguns episódios que explicam o contorno anímico do país. Gostaria de lembrar que o Sul também tem sertão (e índios, e negros...) e cinema!"
Sylvio Back, cineasta (Rio de Janeiro, RJ)

Pública e popular
"É uma boa notícia a implantação de um campus da USP na zona leste da cidade de São Paulo. Depois de 20 anos de luta, os moradores da região podem comemorar. O Movimento dos Sem Universidade acredita que é aumentando o número de vagas em universidades públicas que vamos ter um país melhor. Esperamos que a USP-ZL seja, além de pública, popular, oferendo todas as condições necessárias para que os moradores da região possam estudar ali."
Sérgio José Custódio, coordenador nacional do Movimento dos Sem Universidade (São Paulo, SP)

Jordânia
"Em relação à reportagem "Líderes árabes temem consequências do conflito" publicada em 18/3 na página A16 (Mundo), gostaria de chamar a atenção sobre uma das fotos que estão abaixo do texto e que, supostamente, seria de Sua Majestade o rei Abdullah 2º Ben Al Hussein, rei da Jordânia. Na verdade, a foto publicada é do sr. Abdullha Gul, ex-primeiro ministro da Turquia, designado recentemente como vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores da nova equipe ministerial de Sua Excelência o senhor Recep Tayip Erdogan."
Faris Sh. Mufti , embaixador do Reino Hashemita da Jordânia (Brasília, DF)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".

Funai
"A respeito da nota "Limbo cibernético" ("Painel", Brasil, 8/3), dando conta do sumiço de arquivos que continham mapas e documentos de computadores na antiga gestão da Funai, gostaria de sugerir a esse prestigioso jornal, na qualidade de último presidente e penúltimo diretor de Assuntos Fundiários daquela instituição, que informasse a seus leitores a que arquivos estaria se referindo, onde estariam arquivados, por quem teriam sido apagados e em qual antiga gestão isso teria acontecido, lembrando que na Funai existem dezenas delas. A falta dessas informações elementares remete a nota (e a coluna) ao limbo jornalístico do denuncismo genérico e vazio. A propósito, visitei a página do ombudsman da Folha e tentei abrir os arquivos com os bate-papos sobre ética jornalística, mas o computador enviou-me a mensagem "página não-encontrada". Favor verificar quem da antiga gestão desse jornal os remeteu ao limbo cibernético."
Artur Nobre Mendes, antropólogo (Brasília, DF)

Nota da Redação - Ao assumir, a nova direção da Funai encontrou apagados todos os arquivos de computador de sua assessoria de comunicação.
Problemas técnicos, que fizeram com que por vezes a página do ombudsman na internet não pudesse ser consultada, já foram sanados.



Texto Anterior: Miguel Reale Júnior: Rigor e equilíbrio

Próximo Texto: Erramos
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.