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NOVO CONSELHO NA ONU
A Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a criação
do Conselho de Direitos Humanos,
que substituirá a desacreditada Comissão de Direitos Humanos. A iniciativa é bem-vinda, muito embora o
saudável ceticismo recomende que,
antes dos elogios, se espere para ver
quais países vão compor o novo órgão e como ele operará de fato.
A Comissão, cuja extinção está
marcada para 16 de junho, não deixará saudades. Entre seus 53 membros
contam-se algumas das mais cruéis
ditaduras do planeta. Estão incumbidos de zelar pelo respeito aos direitos
humanos em nível global países como Arábia Saudita, China, Cuba,
Egito, Paquistão e Zimbábue.
É preciso, porém, que a substituição da Comissão pelo Conselho signifique mais do que uma mera troca
de nomes. Foi por considerar tímidos os mecanismos adotados para
assegurar a legitimidade dos novos
membros que os EUA dizem ter votado contra a criação do órgão.
Na Comissão, os titulares eram
apontados por grupos de nações para representar uma dada região do
globo, o que facilitava a eleição de Estados violadores. No Conselho, cada
um dos 47 membros deverá ser eleito
por maioria simples -os EUA queriam 2/3. Os integrantes do novo órgão terão seu histórico de respeito
aos direitos humanos avaliado periodicamente pela Assembléia Geral
(onde votam todos os 191 integrantes
da ONU) e poderão ser suspensos
caso se constatem violações graves.
Trata-se, sem dúvida, de um avanço, mas seria precipitado dizer desde
já que as salvaguardas irão funcionar. Não custa lembrar que o número de democracias consolidadas do
planeta ainda é muito inferior ao de
Estados autocráticos.
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