São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 2006

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SÉRGIO COSTA

Lá como cá

RIO DE JANEIRO - Candidatos estão em falta no mercado. Isso talvez explique a encruzilhada parecida no caminho dos prefeitos das duas maiores cidades do país. No Rio, Cesar Maia reapareceu como presidenciável pelo PFL e alternativa ao governo do Estado. Em São Paulo, depois de ser obrigado pelo tucanato a esquecer o Planalto por uns tempos, José Serra é estimulado a disputar a sucessão de Geraldo Alckmin.
Além dessas possibilidades, os dois têm em comum algum receio de abandonar os cargos para que foram eleitos e prometeram cumprir os mandatos. Serra chegou a assinar um compromisso nesse sentido. Maia disse inúmeras vezes que nada o faria abrir mão de ser prefeito do Rio no Pan 2007 -se é que vai conseguir terminar as obras a tempo.
Outra afinidade, além do serrismo declarado de Maia, é a de que seus partidos não parecem ter outras opções tão competitivas lá como cá. Com um complicador: com a escolha de Alckmin para disputar com Lula, o PFL ameaça lançar Maia como candidato à Presidência. Um jogo de cena para pressionar o PSDB a acompanhar o vôo de pefelistas em alguns Estados. O apoio que parecia de graça a Serra virou uma moeda a ser negociada em valores mais altos com o tucanato.
Alckmin trabalha nos bastidores para que sua candidatura se torne viável. O objetivo é claro: com Serra na disputa pelo governo de São Paulo e Maia pelo do Rio, o tucano passa a ter dois palanques fortes em Estados importantes. Sem contar o de Aécio Neves em Minas.
E, como faltam candidatos no mercado, Serra pode repetir em São Paulo a disputa com Marta Suplicy, que luta no PT para sair candidata. Uma prorrogação da última eleição na capital. No Rio, Maia, que exerce seu terceiro mandato na prefeitura e já foi candidato a governador em 98, deve disputar com Sérgio Cabral Filho (PMDB), líder nas pesquisas.
Some-se a isso que Lula vai para sua quinta disputa presidencial seguida, Alckmin tem nas costas uns 11 anos de Palácio dos Bandeirantes (entrou como vice de Covas) e muito eleitor nas duas cidades terá a sensação de "déjà vu" na hora de apertar a tecla "confirma" da urna eletrônica.


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