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Tudo na mesma
Com seis meses de crise aérea, governo Lula se atrapalha até em serviços básicos; esse desrespeito crônico exige uma CPI
JÁ SE vão quase seis meses
desde o acidente com o
Boeing da Gol que matou
154 pessoas. A balbúrdia
deste fim de semana, a prolongar-se ao menos até hoje, reitera
que a crise aérea da qual o desastre foi catalisador veio para ficar.
A incompetência das autoridades federais voltou a manifestar-se. Espanta que nem sequer um
sistema ágil de
prestação de contas e assistência a
passageiros esteja
em operação.
Quem se atrapalha nas tarefas
básicas tampouco
se mostra capaz
de atacar as causas da crise. Eventos estranhos
continuam a prejudicar o fluxo de
aviões. Agora o
pretexto para o
engarrafamento
foi uma pane no
software de Brasília. Em outros
"apagões", haviam sido a falha
no rádio da capital federal e a
queda de energia em Curitiba.
O governo de novo alimenta
suspeitas de bastidor contra controladores de vôo. Seria cômico
se não fosse caótico. Responsáveis pelo tráfego aéreo fizeram
uma greve branca, ou "operação-padrão", no início da crise. Em
vez de conduzir o caso dentro da
hierarquia militar, o governo Lula abriu um diálogo sindical com
a categoria e nutriu suas expectativas de tirar o serviço da alçada da Aeronáutica.
De resto, a comissão criada pelo governo para analisar o problema tomou há pouco sua mais
importante decisão: adiou o prazo para apresentar as conclusões. É lamentável que a gestão
Lula não tenha produzido nem
mesmo um diagnóstico consensual acerca das causas estruturais que levaram à enervante situação de hoje -a crise acarreta
prejuízos de monta à economia
nacional e solapa
a credibilidade de
todo o sistema
aeroportuário.
Está claro que o
Brasil não se preparou para o forte aumento na
procura por
transporte aéreo
ocorrido nos últimos anos.
Congonhas, cujo movimento
cresceu acima da
média do país, foi
alvo de reformas
apenas cosméticas, repletas de
indícios de fraude. Por temer a
abertura dessa
caixa-preta, e outras do gênero, o
governo batalha a fim de barrar a
CPI da crise aérea na Câmara.
Mas uma apuração parlamentar autônoma do colapso nos aeroportos é urgente -do que dão
prova as filas e o desrespeito ao
passageiro, agora rotina nos terminais brasileiros.
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