São Paulo, sábado, 20 de março de 2010

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Editoriais

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Problemas a resolver

O MODELO ainda preponderante de seleção de alunos para as universidades brasileiras é ineficiente. Datas de exames coincidentes e dificuldades de deslocamento limitam o universo de vagas à disposição dos candidatos. Daí que se afigurasse promissora a ideia de unificar, pouco a pouco, a seleção para as universidades públicas.
Quase tudo deu errado, no entanto, no novo Exame Nacional do Ensino Médio, criado para cumprir essa missão. A prova foi furtada e sua realização teve que ser adiada. Estudantes e universidades abandonaram o novo modelo. E problemas surgiram na etapa final do processo, no sistema de seleção.
Nesta fase, os estudantes faziam suas escolhas de curso e, caso não alcançassem a nota de corte na faculdade de sua preferência, podiam escolher nova opção, num total de três etapas.
A ideia era distribuir com mais racionalidade e eficiência um estoque de 48 mil vagas em instituições de todo o país. O modelo estimula a mobilidade dos estudantes. Moradores de pequenas cidades, por exemplo, podem concorrer com mais facilidade a vagas em grandes centros.
Ocorre que o mecanismo apresentou falhas. Terminada a terceira e última rodada de escolha, ainda não foram ocupadas 7.124 vagas nas 51 instituições federais que selecionam alunos pelo Enem. O número equivale a 15% do total em disputa.
O Ministério da Educação (MEC) reluta em admitir o problema, ao mesmo tempo em que levanta hipóteses para tentar explicá-lo. Uma delas é a de que muitos estudantes pleitearam vagas fora de seus Estados sem a intenção de se matricular nos cursos. A pasta estuda que medidas adotar.
É de esperar que não se repita, neste caso, algo semelhante à decisão de cancelamento da prova de meio de ano do Enem. Ao voltar atrás no que havia prometido a muitas universidades, o ministério contribuiu para abalar a credibilidade do novo modelo. A ideia de unificar o processo seletivo é boa e deve ser mantida. O que precisa melhorar é a capacidade de gestão do MEC.


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