BRASÍLIA - Aerolula, viagens inócuas ao exterior, tentativa de aumentar impostos, fisiologia na relação descoordenada com aliados, derrotas no Congresso, aposta furada no nome do novo papa e ambigüidade na reforma ministerial. A lista de derrapadas do governo Lula é grande, mas a população continua não dando quase a mínima atenção a esses aspectos menos brilhantes da administração federal petista.
Lula e seu governo estão bem avaliados. A popularidade às vezes oscila para baixo, mas a impressão é que a imagem do presidente segue blindada depois de dois anos e três meses no Palácio do Planalto. É o que mostra a pesquisa CNT-Sensus realizada de 12 a 14 deste mês.
O petista havia escorregado no mês passado numa pesquisa do Ibope. Nada grave. Lula continua a ter avaliação quase idêntica à de Fernando Henrique Cardoso na mesma época do primeiro mandato do tucano.
É claro que Lula não tem os mesmos 83,6% de aprovação pessoal de janeiro de 2003. Está com respeitáveis 60,1%. Seu governo tem 41,9% contra 42% de FHC na mesma época.
O que tudo isso quer dizer? Que o petista, assim como o tucano há oito anos, terá de montar uma aliança planetária para evitar o segundo turno na eleição do ano que vem.
Lula se esfalfa para agradar a quem antes repelia. FHC também teve de fazer um punhado de acordos estratégicos para evitar um segundo turno na sua reeleição, em 1998.
Lula segue na mesma toada. Fala com Orestes Quércia e Michel Temer. O PT há muito tempo já se relaciona bem com Paulo Maluf. Em breve, é esperado Anthony Garotinho dentro do Palácio do Planalto.
A idéia é aniquilar no nascedouro a maior parte das candidaturas presidenciais anti-PT. Só assim Lula escapa de um segundo turno. Com Garotinho e mais os possíveis candidatos do PSDB, PFL e PMDB concorrendo contra, é problema na certa.