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Bons sinais
TROUXE SINAIS positivos a
reunião de quarta-feira do
Comitê de Política Monetária do Banco Central, em que o
colegiado deliberou sobre a taxa
de juros de curto prazo. O resultado em si -reduzir a Selic em
0,25 ponto percentual, para
12,5% ao ano- não foi surpreendente nem alvissareiro. Perdeu-se uma oportunidade de reduzir
com mais rapidez os juros.
Foi significativo, porém, o fato
de a decisão ter sido tomada em
votação dividida. Três dos sete
componentes do comitê votaram pela redução de meio ponto
percentual. A sinalização decorrente desse resultado da votação
foi clara: diminuiu a previsibilidade acerca da trajetória dos juros nos próximos meses.
Decisões e comunicados anteriores do BC haviam disseminado a convicção de que o ritmo de
redução dos juros básicos seria
parcimonioso e gradual. Isso, em
conjunto com o padrão repetitivo das ações do BC no mercado
cambial, estimulava muito a realização de operações financeiras
voltadas a obter ganho certo com
a taxa de juros brasileira, ainda
muito mais alta do que as da
grande maioria dos países. Como
conseqüência, a tendência à valorização do real se mantinha.
Na sexta, o banco deu sinais de
que percebia os efeitos deletérios de sua atuação demasiado
previsível. Decidiu não mais
anunciar com antecedência
quando pretende realizar leilões
no mercado futuro de câmbio. A
votação dividida na reunião de
ontem foi o segundo movimento
na mesma direção.
Resta verificar se há mesmo
disposição no BC de acelerar o
corte de juros -iniciativa vista
como desejável por um contingente crescente de analistas, dados a calmaria da inflação e os
riscos de apreciação cambial excessiva. As justificativas para a
decisão da quarta, que serão conhecidas na ata a ser divulgada
semana que vem, trarão mais
elementos para essa avaliação.
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