São Paulo, sexta-feira, 20 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bons sinais

TROUXE SINAIS positivos a reunião de quarta-feira do Comitê de Política Monetária do Banco Central, em que o colegiado deliberou sobre a taxa de juros de curto prazo. O resultado em si -reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual, para 12,5% ao ano- não foi surpreendente nem alvissareiro. Perdeu-se uma oportunidade de reduzir com mais rapidez os juros.
Foi significativo, porém, o fato de a decisão ter sido tomada em votação dividida. Três dos sete componentes do comitê votaram pela redução de meio ponto percentual. A sinalização decorrente desse resultado da votação foi clara: diminuiu a previsibilidade acerca da trajetória dos juros nos próximos meses.
Decisões e comunicados anteriores do BC haviam disseminado a convicção de que o ritmo de redução dos juros básicos seria parcimonioso e gradual. Isso, em conjunto com o padrão repetitivo das ações do BC no mercado cambial, estimulava muito a realização de operações financeiras voltadas a obter ganho certo com a taxa de juros brasileira, ainda muito mais alta do que as da grande maioria dos países. Como conseqüência, a tendência à valorização do real se mantinha.
Na sexta, o banco deu sinais de que percebia os efeitos deletérios de sua atuação demasiado previsível. Decidiu não mais anunciar com antecedência quando pretende realizar leilões no mercado futuro de câmbio. A votação dividida na reunião de ontem foi o segundo movimento na mesma direção.
Resta verificar se há mesmo disposição no BC de acelerar o corte de juros -iniciativa vista como desejável por um contingente crescente de analistas, dados a calmaria da inflação e os riscos de apreciação cambial excessiva. As justificativas para a decisão da quarta, que serão conhecidas na ata a ser divulgada semana que vem, trarão mais elementos para essa avaliação.


Texto Anterior: Editoriais: Padrão inaceitável
Próximo Texto: Paris - Clóvis Rossi: O silêncio dos intelectuais, bis
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.