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MUITA CAUTELA
Foi na direção errada a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom)
de manter inalterada a taxa básica de
juros em 16% ao ano. Era perfeitamente possível -e desejável- uma
sinalização de queda. Uma redução
contida, nos moldes das duas últimas, de 0,25 ponto percentual, não
representaria uma mudança substancial no ainda elevadíssimo patamar dos juros, mas evitaria sancionar o movimento pessimista que
ronda os mercados financeiros.
Não fosse a volatilidade atual, pelo
principal parâmetro da autoridade
monetária, que é o comportamento
da inflação, haveria plenas condições
para um corte ainda maior. Afinal,
nos 12 meses findos em abril, pela
primeira vez o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), no qual
se baseiam as metas perseguidas pelo BC, ficou abaixo do objetivo estabelecido para este ano, de 5,5%.
Embora o ambiente econômico-financeiro passe por turbulências, não
parece ter se configurado um quadro
que exigisse tamanha cautela. A elevação dos juros nos EUA é um fato
esperado, apenas aguardando data
para consumar-se -embora os
mercados, como fazem muitas vezes, tendam a exagerar suas conseqüências. Quanto à alta da cotação
do petróleo, tudo indica que exigirá,
sim, correção dos preços internos,
mesmo porque já se encontravam
defasados. É preciso, no entanto, para uma melhor avaliação, esperar o
anúncio, previsto para a próxima segunda-feira, do provável aumento da
oferta pelos países produtores. Independentemente disso, os efeitos de
uma alta dos combustíveis poderiam
ser administrados e acomodados
sem risco de disparada da inflação.
Seu impacto inflacionário seria fruto
de um "choque de oferta", para o
qual o próprio BC, em ata recente do
Copom, não recomendava o uso dos
juros como a terapia mais adequada.
Um corte, ainda que de 0,25 ponto
percentual, muitos acreditam, teria
sido prudente o bastante, com a vantagem de não derrubar, mais uma
vez, as expectativas de recuperação
da atividade econômica.
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