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A TEIMOSIA DE MARTA
A prefeita de São Paulo e candidata à reeleição, Marta Suplicy, tem resistido firmemente aos
apelos para que abra mão de indicar
seu candidato a vice-prefeito. Marta é
irredutível quanto ao nome de Rui
Falcão, atual secretário de Governo
da prefeitura. O aferro da prefeita é
tal que nem mesmo os pedidos do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva
conseguem demovê-la da fixação em
montar uma chapa "puro-sangue"
-ou seja, inteiramente petista.
A insistência da prefeita em indicar
seu vice preocupa e irrita a cúpula do
partido, que gostaria de se compor
com o PMDB de São Paulo, aquinhoando apoio da legenda, aumentando significativamente o tempo de
propaganda gratuita na televisão e
evitando um possível entendimento
entre José Serra e Michel Temer, pré-candidato peemedebista. Sem a indicação do próprio Temer para o cargo
de vice, seria praticamente impossível selar essa composição.
Que razões teria a prefeita para persistir com tanta insistência na defesa
de Rui Falcão, inviabilizando a aliança almejada pelo próprio Lula? Elementar: Marta pensa em concorrer
ao governo do Estado em 2006. Para
isso, caso vença o pleito, ela teria que
abandonar a prefeitura dois anos antes do final do mandato. Diante dessa possibilidade, não valeria a pena
correr o risco de entregar a gestão da
maior cidade do país ao PMDB. Melhor que assuma um vice petista,
que, além disso, goza da confiança
da prefeita.
Teimosia à parte, a disputa acerca
da candidatura a vice revela aspectos
interessantes das relações internas
do PT. A resistência da prefeita é sinal de que ela vai exercendo domínio
e liderança tais no PT regional que se
sente forte o bastante para se indispor com o presidente e a direção nacional do partido na defesa de suas
ambições eleitorais. O lamentável é
que, nesse embate, a prefeitura paulistana torne-se apenas um trampolim para o governo estadual.
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