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SETORIAL DEMAIS
Desde a desvalorização do real,
o ajuste das contas externas
por meio da obtenção de superávits
comerciais passou a ser um dos principais objetivos de médio e longo
prazo da política econômica.
Assim, o Ministério do Desenvolvimento e o BNDES começaram a empreender mais ações de política industrial e promoção de exportações.
Os Fóruns de Competitividade, bem
como a recente mudança do BNDES,
passando a financiar projetos afins
ao comércio externo, são exemplos
desse novo comportamento.
Desse modo, após encaminhar o
processo de descruzamento acionário entre a CSN e a Vale do Rio Doce,
o governo parece direcionar esforços
para tentar garantir a um grupo nacional a vitória no leilão de empresas
do pólo petroquímico de Camaçari.
Funcionários do governo argumentam que multinacionais estariam interessadas em produzir basicamente para o mercado interno, enquanto grupos nacionais pretenderiam buscar atuação mais voltada para a venda externa, o que contribuiria
para obter superávits comerciais.
Historicamente, as multinacionais
vieram se instalar no país para atender ao mercado interno, recorrendo
às exportações em períodos de recessão interna ou para complementar a
utilização da capacidade instalada
É lamentável, no entanto, que boa
parte desses esforços do governo esteja direcionada para solucionar problemas que poderiam ter sido resolvidos nas privatizações ou que foram
até mesmo criados por elas.
Na raiz da questão da petroquímica, tal qual na da siderurgia, está um
excessivo fracionamento de participações acionárias emergido das privatizações. Pretendendo obter maiores receitas e vender mais rapidamente, o governo efetuou, nos últimos dez anos, privatizações que não
se preocuparam com um modelo setorial de desenvolvimento a seguir.
Agora, o governo federal tenta corrigir esses erros. Mas a questão fundamental é saber se o governo está
disposto a fomentar de maneira sistemática setores potencialmente dinâmicos da economia a ponto de flexibilizar em alguma medida sua política na esfera macroeconômica. Pois,
de fato, fatores como juros altos e tributação inadequada são sérios limites para qualquer política industrial
que se queira efetiva.
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