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VIOLÊNCIA E POBREZA
A pobreza na Grande São Paulo apenas mudou de patamar
nos últimos 25 anos. A Fundação
Seade, do governo paulista, atualizou a pedido da Folha algumas estatísticas que embasaram o clássico estudo "São Paulo 1975: Crescimento e
Pobreza", assinado, entre outros, pelo então pesquisador do Cebrap Fernando Henrique Cardoso.
Preocupação fundamental daquele
grupo de intelectuais de oposição ao
regime militar, reunidos a pedido da
Arquidiocese de São Paulo, era entender a dinâmica do crescimento
econômico que produzia a pobreza
na grande metrópole.
Passado um quarto de século, há
melhorias sensíveis em setores como
oferta de infra-estrutura urbana básica, acesso à saúde e à educação públicas, escolaridade dos habitantes.
À pobreza paulistana foi conferido
um pacote civilizatório, mas que está
longe de ser o mínimo desejável.
Todo o crescimento econômico e
as políticas sociais desse período não
foram suficientes para alterar a vergonhosa concentração da renda em
São Paulo. Os efeitos positivos de
distribuição de renda que advieram
da implantação do Real não só estancaram como começam a trocar de sinal nas regiões metropolitanas. O
desemprego nas regiões periféricas
das grandes cidades é acentuado.
Em bairros da periferia paulistana,
não há vestígio da presença do Estado. Tráfico de drogas e guerra entre
quadrilhas campeiam. Nesses morredouros, estatísticas de homicídios
batem um recorde atrás do outro.
No livro de 75, associava-se a pobreza paulistana ao caráter fechado
do regime militar, que inibia a organização popular por melhorias na
qualidade de vida. Veio a abertura e o
quadro não se alterou muito. O caso
paulistano é, portanto, um dos mais
dramáticos a atestar que permanece
o desafio de demonstrar a efetividade
social da democracia.
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