São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 2000


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VIOLÊNCIA E POBREZA

A pobreza na Grande São Paulo apenas mudou de patamar nos últimos 25 anos. A Fundação Seade, do governo paulista, atualizou a pedido da Folha algumas estatísticas que embasaram o clássico estudo "São Paulo 1975: Crescimento e Pobreza", assinado, entre outros, pelo então pesquisador do Cebrap Fernando Henrique Cardoso.
Preocupação fundamental daquele grupo de intelectuais de oposição ao regime militar, reunidos a pedido da Arquidiocese de São Paulo, era entender a dinâmica do crescimento econômico que produzia a pobreza na grande metrópole.
Passado um quarto de século, há melhorias sensíveis em setores como oferta de infra-estrutura urbana básica, acesso à saúde e à educação públicas, escolaridade dos habitantes. À pobreza paulistana foi conferido um pacote civilizatório, mas que está longe de ser o mínimo desejável.
Todo o crescimento econômico e as políticas sociais desse período não foram suficientes para alterar a vergonhosa concentração da renda em São Paulo. Os efeitos positivos de distribuição de renda que advieram da implantação do Real não só estancaram como começam a trocar de sinal nas regiões metropolitanas. O desemprego nas regiões periféricas das grandes cidades é acentuado.
Em bairros da periferia paulistana, não há vestígio da presença do Estado. Tráfico de drogas e guerra entre quadrilhas campeiam. Nesses morredouros, estatísticas de homicídios batem um recorde atrás do outro.
No livro de 75, associava-se a pobreza paulistana ao caráter fechado do regime militar, que inibia a organização popular por melhorias na qualidade de vida. Veio a abertura e o quadro não se alterou muito. O caso paulistano é, portanto, um dos mais dramáticos a atestar que permanece o desafio de demonstrar a efetividade social da democracia.


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