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DENGUE EM INGLÊS
Com a aproximação do inverno,
as temperaturas e as chuvas diminuíram, o fluxo de mosquitos se
reduziu e, na maioria das cidades
brasileiras, caíram os casos de dengue. Mas o triunfo sobre a doença é
ilusório. Assim que o calor e as águas
retornarem, a moléstia deverá ressurgir, e com maior gravidade.
Teoricamente, cada novo surto deixa um contingente cada vez maior de
pessoas predispostas a desenvolver a
forma hemorrágica da doença, que é
mais grave e pode tornar-se fatal se
não tratada a tempo. Nada disso é
novidade. Os mecanismos de transmissão da dengue são conhecidos
dos epidemiologistas há décadas.
O mais recente número da revista
norte-americana "Newsweek" traz
longa reportagem sobre a ressurgência da dengue em que faz essas entre
muitas outras observações. A matéria, que foi capa da edição latino-americana da publicação, não poupa
críticas às autoridades sanitárias brasileiras. A Funasa (Fundação Nacional de Saúde) não gostou e divulgou
nota à imprensa em que procura rebater as acusações da revista.
A reportagem, assinada por Marc
Margolis, é essencialmente correta.
Comete, é verdade, uma imprecisão.
Fala em "erradicação" do mosquito
transmissor da dengue. Mas, salvo
melhor juízo, o faz como sinônimo
de "controle de infestação". Em nenhum momento ele sugere que será
possível destruir até o último representante do Aedes aegypti. É um detalhe que não chega a comprometer o
texto. A própria Funasa fala, em seu
site, em "eliminar focos do Aedes".
As autoridades sanitárias brasileiras colecionam sucessos. O combate
à Aids e a campanha de vacinação
contra gripe estão entre eles, como,
aliás, reconhece a reportagem da
"Newsweek". Mas é lamentável insinuar que o país se saiu bem diante da
epidemia de dengue com um saldo
de 500 mil pessoas infectadas. A Funasa faria melhor se, em vez de aferrar-se a detalhes semânticos, tomasse providências para que o próximo
verão seja menos dramático.
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