São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Fumo
"A reportagem "OMS relaciona fumo ao combate à pobreza" (Cotidiano, pág. C3, 18/6) mostra que o consumo de cigarros hoje se dá principalmente nas classes mais pobres e que, como eles gastam muito com o tabaco, sobra menos dinheiro para aplicar na educação e na saúde dos filhos. Aí, na mesma reportagem, vem o senhor Heather Selin, da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) defender o aumento do preço do cigarro como forma de diminuir o consumo. Só quem fuma (ou já fumou, como eu) pode avaliar o que significa esse vício. Alguns viciados em cocaína cometem crimes e algumas mulheres chegam a se prostituir para manter o vício, que é caro. O que prova que preço alto não impede o consumo da droga. O mesmo ocorre com o cigarro. O combate ao tabagismo tem de ser feito por meio da educação e com a proibição da propaganda, nunca com medidas que irão piorar ainda mais a vida das famílias dos menos favorecidos. Na minha opinião, políticas públicas contra o tabagismo devem ser feitas por ex-fumantes, que realmente podem entender o significado desse vício."
Victor Hargrave (Campinas, SP)

Texto e imagem
"Surpreendi-me com a reportagem "Al Qaeda cumpre ameaça e degola americano" (Mundo, pág. A12, 19/6). A reportagem é boa e precisava ser escrita, pois a sociedade tem o direito saber. Mas era preciso aquela foto com a cabeça do morto em cima do seu corpo? Será que só a violência que vivemos em nossos dias já não é o bastante para aborrecer-nos e percebermos o quão sangrenta está a humanidade?"
Denise C. F. de Lima (Piracicaba, SP)

Trânsito
"O artigo "Ainda há esperança" (Opinião, pág. A2, 18/6), do jornalista Clóvis Rossi, deveria ser publicado na capa do jornal para que a sociedade percebesse a gravidade e a falta de respeito que estão praticando com o eleitorado. O trânsito em São Paulo é o fator que mais corrói o orçamento da população -por meio de multas, IPVA, combustível e manutenção de veículos. Se estabelecêssemos um ranking dos desrespeitos praticados pelo governo contra a população, certamente esse assunto lideraria a lista."
Isac Guedes (São Paulo, SP)

Real
"O eminente deputado Antonio Delfim Netto brindou-nos com uma excelente apreciação dos (catastróficos) resultados do Plano Real em sua coluna de quarta-feira passada ("O real do Real", Opinião, pág. A2). Como em todos os outros planos ditos "estabilizadores" adotados por governos passados, houve ganhadores e perdedores, mas as perdas sofridas pela população na vigência do real são incomensuráveis. Perdas essas causadas pela criação e implantação forçada de um segmento da economia escandalosamente indexado e outro escandalosamente desindexado. É desnecessário caracterizar quem é quem nessa inequação odienta que colocou o país no círculo vicioso do subdesenvolvimento, causando encolhimento ininterrupto e sistemático da massa salarial e redução do poder aquisitivo da população, da produção, dos investimentos e da geração de empregos. Já caímos da posição de oitava economia do mundo para a 12ª. E vamos continuar nessa rota desastrosa enquanto não nos livrarmos do círculo de fogo inflação-juros-superávit primário que é impingido a nossos governantes pelo famigerado mercado, que vai cerceando cada vez mais a nossa soberania e a auto-determinação na condução de nosso triste destino."
Edmundo Radwanski (Rio de Janeiro, RJ)

Mínimo
"O presidente Lula está se fazendo passar por um grande ditador. Para que serve a votação do salário mínimo no Senado e na Câmara se ele não vai respeitar os votos elevando o salário a R$ 275, pis já disse de antemão que vai vetar esse valor. Fechem-se então o Senado e a Câmara, evite-se desperdício de tempo e de dinheiro e estabeleça-se a ditadura."
Luiz Scarcelli Filho (Santa Cruz do Rio Pardo, SP)


"O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, afirmou mais uma vez que "o governo não conta com a hipótese de um salário mínimo de R$ 275". Em outras palavras, não importa o que aconteça com a medida provisória enviada à Câmara dos Deputados. A decisão técnica da área econômica já está tomada. Falta apenas verificar se o desgaste político dessa decisão técnica ficará com o governo (que a tomou) ou com a Câmara (que o apóia). Tristes tempos."
Lázaro Curvêlo Chaves (São José do Rio Pardo, SP)

O preço da educação
"Todo o mundo sabe que educação de qualidade custa caro. Mas quem experimentou a falta de educação sabe que custa muito mais caro."
Ergógiro Dantas, pedagogo aposentado (Rio de Janeiro, RJ)

Indignação
"A greve da saúde prejudica o atendimento aos necessitados. A greve nas universidades prejudica e atrapalha a formação dos estudantes. A greve dos agentes penitenciários complica o funcionamento do sistema carcerário. E há ainda outros problemas sérios, como falta de segurança pública. E o senhor governador e sua família vão prestigiar o desfile de moda da SPFW em plena quarta-feira à tarde (Brasil, pág. A9, 17/6). Isso certamente para buscar inspiração para os sérios problemas do nosso Estado. Um acinte contra nós, paulistas e paulistanos, que tanto amamos este Estado. Chego à conclusão de que governar o Estado com seriedade não dá coluna social e, por isso, o senhor governador usa desse expediente para aparecer, que é o que lhe mais interessa no momento. Problemas sérios para serem resolvidos ficam para depois."
Maria Minervina Marcondes Novaes Silva (Taubaté, SP)

Ministério Público
"Os excelentíssimos ministros do Supremo Tribunal Federal devem considerar com seriedade as argumentações do excelente jornalista Clóvis Rossi ("Sociedade ou impunidade", Opinião, 15/6). Não bastasse ser matéria de interpretação, o MP, após a nova Constituição, agregou à função fiscalizadora o caráter social. Ao passar a defender e zelar pelos direitos difusos do cidadão, o MP atual não só é dono da ação penal e fiscal da lei mas é também órgão defensor da sociedade. E, como tal, o poder de polícia é conseqüência. A sociedade espera de nossos mais altos julgadores discernimento e bom senso. Temos certeza de que não faltarão argumentos que legitimem o direito de investigação do MP."
Maria Consuelo Apocalypse Jóia Paulini (Ouro Fino, MG)

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