São Paulo, quarta-feira, 20 de junho de 2007

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Dinheiro aos moderados

ISRAEL, EUA e União Européia (UE) já definiram sua estratégia para lidar com o "Hamastão", o nome pelo qual vem sendo chamada a Faixa de Gaza sob comando do grupo extremista palestino Hamas. Pretendem reforçar o poder de seus rivais do Fatah, o partido do presidente Mahmoud Abbas.
EUA e UE já anunciaram o descongelamento de fundos de ajuda. Israel já fala em retomar o repasse de impostos, que estava suspenso desde que o Hamas assumiu o governo palestino, após derrotar o Fatah nas eleições de janeiro do ano passado.
A estratégia pode trazer algum alento. Enquanto o Hamas insistir em não reconhecer o direito de Israel à existência, não há nenhuma possibilidade de diálogo entre as partes. É preciso pelo menos pressionar o grupo fundamentalista a rever sua posição.
É nesse contexto que se inscreve a estratégia de fortalecer o Fatah. O problema é que o grupo, fundado por Iasser Arafat, esteve por vários anos no comando absoluto do governo palestino e tudo o que conseguiu produzir foi uma administração incompetente e corrupta. Não foi por outra razão que o partido sofreu uma humilhante derrota nas urnas em janeiro do ano passado.
Assim, apenas dar dinheiro e outras benesses ao Fatah, sem exigir que o grupo passe por uma profunda reformulação, pouco ou nada resolverá. Um meio potencialmente eficaz de renovar o Fatah seria restituir-lhe lideranças jovens e populares, como Marwan Barghouti, preso em Israel. Soltá-lo seria uma forma inteligente de fortalecer o Fatah.
Uma armadilha que as autoridades israelenses precisam evitar é submeter Gaza a um regime de completa privação, cortando o fornecimento de gasolina, eletricidade, alimentos. O desastre humanitário beneficiaria apenas o Hamas, que atribuiria à "entidade sionista" os insucessos de sua administração.
Os palestinos precisam definir o quanto antes quem os representa e com qual mandato. Esse é um passo necessário para a retomada do processo de paz.


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