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Dinheiro aos moderados
ISRAEL, EUA e União Européia
(UE) já definiram sua estratégia para lidar com o "Hamastão", o nome pelo qual vem sendo chamada a Faixa de Gaza sob
comando do grupo extremista
palestino Hamas. Pretendem reforçar o poder de seus rivais do
Fatah, o partido do presidente
Mahmoud Abbas.
EUA e UE já anunciaram o descongelamento de fundos de ajuda. Israel já fala em retomar o repasse de impostos, que estava
suspenso desde que o Hamas assumiu o governo palestino, após
derrotar o Fatah nas eleições de
janeiro do ano passado.
A estratégia pode trazer algum
alento. Enquanto o Hamas insistir em não reconhecer o direito
de Israel à existência, não há nenhuma possibilidade de diálogo
entre as partes. É preciso pelo
menos pressionar o grupo fundamentalista a rever sua posição.
É nesse contexto que se inscreve a estratégia de fortalecer o Fatah. O problema é que o grupo,
fundado por Iasser Arafat, esteve
por vários anos no comando absoluto do governo palestino e tudo o que conseguiu produzir foi
uma administração incompetente e corrupta. Não foi por outra razão que o partido sofreu
uma humilhante derrota nas urnas em janeiro do ano passado.
Assim, apenas dar dinheiro e
outras benesses ao Fatah, sem
exigir que o grupo passe por uma
profunda reformulação, pouco
ou nada resolverá. Um meio potencialmente eficaz de renovar o
Fatah seria restituir-lhe lideranças jovens e populares, como
Marwan Barghouti, preso em Israel. Soltá-lo seria uma forma inteligente de fortalecer o Fatah.
Uma armadilha que as autoridades israelenses precisam evitar é submeter Gaza a um regime
de completa privação, cortando
o fornecimento de gasolina, eletricidade, alimentos. O desastre
humanitário beneficiaria apenas
o Hamas, que atribuiria à "entidade sionista" os insucessos de
sua administração.
Os palestinos precisam definir
o quanto antes quem os representa e com qual mandato. Esse é
um passo necessário para a retomada do processo de paz.
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