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FERNANDO RODRIGUES
Paralisia no Senado
BRASÍLIA - Piorou a condição política do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Resiliente, ele vai ficando no cargo.
Mas há fatores objetivos a serem
considerados além do oceano de indícios sobre os negócios heterodoxos com gado. Renan assistiu a vários movimentos ruins ontem:
1) PSDB e DEM anunciaram reuniões para decidir como proceder
na hora de votar a absolvição ou
condenação de Renan no Conselho
de Ética. Há uma semana, essas siglas eram 100% a seu favor;
2) Dois senadores falaram em público pedindo abertamente o afastamento de Renan do cargo: Pedro
Simon e Jefferson Peres;
3) Na Câmara, mais humilhação.
O deputado Fernando Gabeira
apresentou uma questão de ordem:
pode o presidente do Senado, na
atual conjuntura, comandar também o Congresso quando há sessão
conjunta das duas Casas?;
4) O Planalto ensaia sua ação predileta: representar Pilatos quando
um aliado está encrencado;
5) O PT já não se preocupa tanto
em encerrar logo a investigação. Se
for necessário mais tempo, tudo ficará para mais adiante;
6) A auditoria nos papéis de venda de gado de Renan contém ressalvas. Não ficará provada a legitimidade das operações. É mais lenha
na fogueira contra o senador.
Com todos esses novos elementos no tabuleiro, é no mínimo incerta a chance de Renan ficar onde está. Ele fez o possível ontem para garantir uma absolvição sumária. Ouviu de volta argumentos contrários.
O custo político da operação seria
altíssimo para os aliados.
Os senadores renanzistas já perceberam haver um certo limite para
a salvação do amigo. Eduardo Suplicy diz receber uma avalanche de
e-mails cobrando mais rigor.
Casa anacrônica e ineficaz, o Senado está paralisado. Nenhuma decisão talvez seja tomada hoje. Será
mais uma derrota para Renan.
frodriguesbsb@uol.com.br
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