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HERANÇA CUSTOSA
O governo federal terá de pagar cerca de R$ 12,3 bilhões
para aposentados que tiveram seus
benefícios reajustados irregularmente no passado. Trata-se de mais um
daqueles casos deploráveis em que
erros de uma administração ficam
para ser sanados no futuro. Da mesma forma que coube ao governo Fernando Henrique Cardoso pagar a
conta de equívocos cometidos em relação ao FGTS (Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço) na época dos
planos Verão e Collor, cabe à gestão
petista liqüidar a fatura de correções
de aposentadorias erroneamente calculadas entre 1994 e 1997.
Diante de situações como essas, a
reação quase que instintiva de qualquer governo é aumentar impostos.
E é exatamente o que se cogita, num
quadro, como o atual, em que a carga tributária apenas sobe, já tendo
atingido o elevadíssimo patamar de
36,7% do PIB.
Para tornar a situação mais intolerável, a fórmula anunciada é onerar
ainda mais o setor produtivo, aumentando em 0,6 ponto percentual a
contribuição patronal para a Previdência. Trata-se de uma proposta em
tudo inoportuna. Ao invés de estimular o crescimento econômico e o
trabalho formal, que gerariam mais
recursos públicos, investe-se num
círculo vicioso: institui-se uma sobrecarga fiscal para os empresários
que tenderão, com isso, a criar menos empregos formais, o que, por
sua vez, contribuirá para reduzir a arrecadação da Previdência.
A saída parece tão contraproducente quanto cômoda -pois nem sequer se aventou a contrapartida de
um programa de cortes de despesas
públicas supérfluas. Para tornar a decisão menos indigesta, o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci, acena
com um conjunto de mudanças na
legislação que resultaria, em suas palavras, num "estímulo importante na
formalização da mão-de-obra".
A experiência, no entanto, não autoriza nenhum otimismo quanto a
essas medidas. Lamentavelmente, a
atual administração, que prometera
uma reforma tributária digna desse
nome, apenas prossegue numa sanha arrecadatória danosa ao contribuinte e à atividade produtiva.
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