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CLÓVIS ROSSI
A vida e a bolsa
BRUXELAS - O aeroporto de Madri parece estação rodoviária em feriado
prolongado. Pára um avião depois
do outro. Despejam levas de turistas
em filas intermináveis diante dos
guichês de controle de passaportes.
Foi domingo. Ontem, em Bruxelas,
um belo artigo em "The International Herald Tribune", o mais global
dos jornais, porque impresso em uma
dúzia de cidades pelo mundo, lembrava-me as causas -nobres,
aliás- de tanto movimento nesta
época de férias de verão na Europa (e
no hemisfério Norte em geral).
O artigo, aliás, vai mais longe: compara os dois únicos modelos de organizar a vida restantes no planeta depois do colapso do comunismo, o europeu e o norte-americano. E, apesar
de a empresa editora do "Trib" ser
norte-americana (pertence a "The
New York Times"), a comparação é
favorável aos europeus.
Diz, por exemplo, que a menor produtividade da economia européia e o
seu nível relativamente mais modesto de renda não é um fracasso, mas,
principalmente, o reflexo de "uma série de escolhas políticas que tendem a
premiar o lazer e a igualdade à custa
de maior riqueza".
Para o meu gosto, já seria uma tremenda vantagem, mas mesmo a desvantagem (o suposto esclerosamento
da Europa) é mais ficção que realidade, na medida em que, nos últimos
dez anos, o crescimento da economia
dos então 15 países da União Européia ficou apenas um ponto por ano
abaixo dos EUA (e o período inclui o
"boom" da era Clinton).
Em contrapartida a esse crescimento levemente inferior, "a Europa tem
menos pobreza infantil, menor incidência de analfabetismo e uma população carcerária menor que nos
Estados Unidos", diz o texto.
Mais: "os europeus também têm
uma esperança de vida levemente superior e podem ter a expectativa de
passar mais tempo de sua velhice em
boa saúde".
Pena que o Brasil, nos últimos muitos anos, ficou com o pior de cada
modelo. Pena também que não pareça haver disposição para buscar uma
real correção de rumos.
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