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CARLOS HEITOR CONY
Anjo da morte
RIO DE JANEIRO - Deus é testemunha que, ao contrário dos colegas da
mídia, não chego a demonizar Paulo
Maluf. Ele é massacrado por ampla
maioria de entendidos, que lhe atribuem a "pole position" da malignidade, da corrupção e da cara-de-pau.
Sua atuação na vida pública é polêmica, todos sabem que foi um tocador de obras, como JK e Mário Andreazza, suspeitos de grandes e de pequenas falcatruas.
Dou de barato que a assinatura dele nos tais papéis vindos da Suíça possam ser macetados. Com os recursos
da informática, é fácil fabricar um
papel assinado por Sócrates e Jesus
Cristo, que ensinaram muito, mas
nada deixaram escrito.
De qualquer forma, a visita de Maluf a uma UTI foi dose imperdoável,
não pelo resultado em si, a relação de
causalidade: o doente visitado morreu horas depois, efeito fulminante
para uma visita desastrada.
O grande mico foi ter ido a uma
UTI, acompanhado de correligionários, sem a devida proteção contra a
possibilidade de infecção hospitalar.
Nos centros mais adiantados do
mundo, em Cleveland, na Clínica de
Mayo, nos maiores e melhores hospitais do mundo, em Tóquio, na Suécia, o grande fantasma que atormenta a tecnologia de ponta é justamente
a infecção, que muitas vezes provém
dos próprios equipamentos de última
geração, como aparelhos de ar condicionado e fornos de esterilização.
Tivemos o caso de Tancredo Neves,
cuja morte teve início em sua primeira internação, que, de certo modo,
poderia ser considerada de rotina.
Rotina que foi quebrada com a invasão da sala de cirurgia por mais de
200 pessoas, algumas de short e de
sandálias havaianas. Hoje se sabe
que foi essa a causa que provocaria a
septicemia que o matou.
Faltou mancômetro a Maluf. Não
acredito que dê muita bola para seus
assessores. Errando ou acertando, ele
tem a cara que tem e já foi dito que,
para o bem ou para o mal, tem a cara
de São Paulo, não o apóstolo, mas a
cidade.
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