São Paulo, segunda, 20 de julho de 1998

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POSSEIROS DA REITORIA

A escolha e a nomeação do novo reitor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) têm dado ocasião para declarações oportunistas e pressões ilegítimas de políticos e professores, alunos e funcionários da universidade. O colégio eleitoral universitário escolheu os candidatos para formar uma lista tríplice, encaminhada ao presidente da República, que tem a prerrogativa de escolher quaisquer dos nomes indicados.
O primeiro candidato encaminhado ao presidente, Aloísio Teixeira, venceu no colégio eleitoral universitário e contava também com o expressivo apoio de professores, alunos e funcionários. Mas o segundo personagem da lista, José Vilhena, foi o escolhido pelo presidente e tomou posse no Ministério da Educação, em Brasília, enquanto o saguão da reitoria da UFRJ era ocupado, em protesto, por estudantes e funcionários. Estava armado um impasse, o qual vem sendo explorado politicamente.
Tais protestos tentaram forçar a nomeação de Aloísio Teixeira, ao arrepio das normas legais. Os manifestantes afirmam que a escolha de FHC foi uma represália a Teixeira, que critica o governo federal. Com a reitoria ocupada, o reitor, ainda que regularmente nomeado, exerce inusitadamente o cargo em gabinetes de professores que o apóiam. A crise também deu combustível para a politização eleitoreira de uma questão que deveria ser universitária, por parte de candidatos ao governo do Rio.
De fato são legítimas as aspirações à autonomia universitária, o que não significa um desligamento da universidade do contexto social e político e da sociedade que a financia. Daí a norma segundo a qual a nomeação do reitor dentre os nomes indicados pela comunidade universitária depende da escolha de chefes do Executivo. Pode até não ser essa a melhor forma, e possivelmente o governo federal agiu de maneira pouco hábil. Mas a balbúrdia na UFRJ é uma violência contra disposições legais.



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