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A favor de Plutão
MERECE APOIO a definição
de planeta proposta por
um comitê da União Astronômica Internacional (IAU).
Uma das suas virtudes é garantir
que Plutão perca seus "direitos
planetários", como defendem os
astrônomos que julgam o astro
pequeno e exótico demais para
ser considerado um planeta.
Descoberto em 1930, Plutão já
se consolidou culturalmente como o "mais distante dos planetas". É nessa condição que ele figura em todos os modelos do Sistema Solar. É como planeta que
ele aparece em referências científicas e literárias. É de planeta
que as crianças aprendem desde
cedo a chamá-lo na escola.
A sabedoria recomenda que se
reconheçam os "direitos adquiridos" de Plutão. Se for aprovada
pela assembléia da IAU, na próxima sexta-feira, passarão a ser
considerados planetas todos os
corpos celestes que descrevam
órbita ao redor de uma estrela,
mas que não sejam uma estrela, e
que tenham massa suficiente para que a sua própria gravidade os
torne esféricos.
Como efeito colateral, outros
objetos ganhariam estatuto de
planeta. É o caso de Ceres (entre
Marte e Júpiter), Caronte (até
aqui considerado um satélite de
Plutão, mas que na verdade descreve juntamente com este astro
uma ciranda, girando um em torno do outro) e "Xena" (astro pouco maior do que Plutão descrito
em 2005 e que deu "munição"
para os que queriam rebaixar o
"planeta gelado" de categoria).
Além disso, ficam na fila para
tornar-se planetas mais uma dúzia de grandes asteróides, a
maioria no cinturão de Kuiper,
nos confins do Sistema Solar.
Alguns astrônomos se opõem a
essa "proliferação" de planetas,
mas ela é esperada. Se é em princípio infinito o número de estrelas e de planetas no Universo,
não há razão para temer contabilizar mais algumas dezenas destes astros em nosso sistema.
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