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Censura chavista
Em mais um avanço do chavismo contra a imprensa crítica na
Venezuela, um tribunal de Caracas determinou nesta semana
que, pelo prazo de um mês, os jornais venezuelanos não podem publicar imagens "violentas, sangrentas e grotescas".
A decisão veio após a publicação pelo oposicionista "El Nacional" de uma foto de cadáveres empilhados no necrotério de Caracas
que aludia à escalada da violência
no país.
O objetivo declarado da Justiça
com a proibição é preservar crianças e adolescentes da exposição a
esse tipo de imagem. Mas a imprensa venezuelana e associações
internacionais como a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) viram com razão ato de censura prévia imposta pelo governo
Chávez, que tem longa folha corrida de perseguição à mídia.
Em 2009, sob a mesma alegação de proteger a infância, o governo vetou notícias "que produzam terror nas crianças, incitem o
ódio e atentem contra os valores
sãos". Há um ano, Chávez também tirou do ar 34 emissoras de rádio críticas ao governo, acusando-as de funcionar irregularmente.
No caso mais rumoroso, não renovou a concessão do canal de TV
RCTV, o mais assistido do país,
por oposição ao governo.
Agora, tenta outra fórmula com
a Globovisión, única voz dissonante que restou no espectro televisivo. Pressiona a Justiça a intimar os proprietários com ordens
de prisão e multas milionárias.
A reação ao "El Nacional" inscreve-se no contexto eleitoral.
Pesquisas indicam que a questão
da segurança é a principal preocupação dos venezuelanos às vésperas do pleito legislativo do mês
que vem, que desempenhará papel crucial na definição do futuro
do chavismo.
As imagens publicadas são fortes, mas nada justifica a censura.
Quanto mais livre a imprensa,
mais democrático o país. Ofensivas contra a mídia como essa reiteram as conhecidas inclinações
ditatoriais de Chávez e seus temores de que sua aventura possa estar chegando ao fim.
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