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DEBATE DISTORCIDO
O sistema de progressão continuada implantado nas escolas
da rede pública do Estado de São
Paulo se tornou um dos pontos altos
da campanha pela sucessão de Geraldo Alckmin. Os principais candidatos atacam duramente o governador por defender esse regime, que
chamam, indevidamente, de promoção automática ou fim da repetência.
Mostram mães queixando-se de filhos que "passam de ano" mal conseguindo ler e escrever.
Antes de mais nada, é preciso distinguir o sistema de progressão continuada de sua implantação. O primeiro é uma tese pedagógica consistente, sancionada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e que
conta com o respaldo de renomados
educadores. Já a introdução do novo
regime na rede de ensino merece de
fato críticas, mas não tão severas que
impliquem reverter as mudanças.
Não há muita lógica no princípio
da reprovação. Um exemplo: por que
um aluno que foi reprovado por conta de deficiências em matemática
precisa refazer todas as outras disciplinas? A idéia de reprovação parece
ser a herança de uma pedagogia ultrapassada, que pode ser substituída
-e com vantagens- por concepções mais modernas de educação.
É claro, por outro lado, que a mudança de regime deveria ter sido precedida de cuidadosa preparação, o
que, infelizmente, não aconteceu.
Para a progressão continuada funcionar, é preciso que as escolas contem com um sistema eficiente para
identificar dificuldades dos alunos e
tentar recuperá-las. Também teria sido necessário fazer um trabalho de
conscientização com os pais, para
que eles não se sentissem "ludibriados" pela escola.
É justo que o governo seja criticado
pelo que deixou de fazer na implantação da progressão, mas é uma pena que a ânsia de vencer de alguns
candidatos coloque em risco o próprio princípio da progressão, que é
bom e deveria ser aprimorado.
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