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CLÓVIS ROSSI
A eleição, em inglês
SÃO PAULO - Está lá, em inglês, na edição da revista britânica "The Economist" que começou a circular ontem à noite: Luiz Inácio Lula da Silva
parece "quase imbatível".
A revista leva tão a sério essa perspectiva que o texto chega a discutir
no detalhe as dificuldades de um
eventual governo Lula, entre elas o
fato de que, na Câmara de Deputados, o PT deve ficar "com apenas 80
dos 513 assentos".
Como, especialmente em época de
campanha eleitoral, convém explicar
até piada, fique claro que não é o fato
de parecer quase imbatível para "The
Economist" que já torna Lula o próximo presidente.
Como diz Mauro Francisco Paulino, diretor-geral do Datafolha, a vitória de Lula no primeiro turno
"nunca foi tão possível como agora,
mas continua sendo improvável".
Improvável ou não, o fato é que a
hipótese de Lula se eleger, no primeiro ou no segundo turno, está causando reações bem divergentes no público externo.
Na mídia, textos de "El País" (Espanha) e a própria reportagem da liberal "The Economist" (liberal aí na
acepção correta e no bom sentido da
palavra), entre outros, mostram uma
até certo ponto surpreendente calma
na aceitação da hipótese.
Nem há deslumbramento com o fato, jornalisticamente charmoso, de
um operário chegar à Presidência da
República, nem há pânico ante a hipótese de um partido de esquerda
(pelo menos na pia batismal) assumir o comando de uma das maiores
economias do planeta.
No mercado financeiro, ao contrário, continua a especulação.
Resultado: até "O Estado de S. Paulo", assumidamente pró-Serra, reconhece que "o mercado financeiro cria
para o próximo presidente, seja
quem for, um quadro imensamente
desfavorável. (...) O novo presidente,
não importa seu nome, terá excelentes motivos para ver no setor financeiro um adversário, não apenas seu,
mas do país".
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