São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2002

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CLÓVIS ROSSI

A eleição, em inglês

SÃO PAULO - Está lá, em inglês, na edição da revista britânica "The Economist" que começou a circular ontem à noite: Luiz Inácio Lula da Silva parece "quase imbatível".
A revista leva tão a sério essa perspectiva que o texto chega a discutir no detalhe as dificuldades de um eventual governo Lula, entre elas o fato de que, na Câmara de Deputados, o PT deve ficar "com apenas 80 dos 513 assentos".
Como, especialmente em época de campanha eleitoral, convém explicar até piada, fique claro que não é o fato de parecer quase imbatível para "The Economist" que já torna Lula o próximo presidente.
Como diz Mauro Francisco Paulino, diretor-geral do Datafolha, a vitória de Lula no primeiro turno "nunca foi tão possível como agora, mas continua sendo improvável".
Improvável ou não, o fato é que a hipótese de Lula se eleger, no primeiro ou no segundo turno, está causando reações bem divergentes no público externo.
Na mídia, textos de "El País" (Espanha) e a própria reportagem da liberal "The Economist" (liberal aí na acepção correta e no bom sentido da palavra), entre outros, mostram uma até certo ponto surpreendente calma na aceitação da hipótese.
Nem há deslumbramento com o fato, jornalisticamente charmoso, de um operário chegar à Presidência da República, nem há pânico ante a hipótese de um partido de esquerda (pelo menos na pia batismal) assumir o comando de uma das maiores economias do planeta.
No mercado financeiro, ao contrário, continua a especulação.
Resultado: até "O Estado de S. Paulo", assumidamente pró-Serra, reconhece que "o mercado financeiro cria para o próximo presidente, seja quem for, um quadro imensamente desfavorável. (...) O novo presidente, não importa seu nome, terá excelentes motivos para ver no setor financeiro um adversário, não apenas seu, mas do país".



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