BRASÍLIA - Cena 1: falante e compenetrado, um casal de assessores de Serra abriu gráficos e tabelas ontem de manhã, no aeroporto de Brasília, e passou a discutir como Collor liquidou Lula em 89 e como FHC fez o mesmo em 94 e em 98. Nem percebeu que ali ao lado, todo olhos e ouvidos, estava Roberto Aguiar -que vem a ser o secretário de Segurança Pública do governo petista do Rio.
Cena 2: o deputado Márcio Fortes (RJ) aproveitou a pajelança do PSDB anteontem em Brasília para distribuir folhetos de sua campanha à reeleição no Rio. Apesar de secretário-geral do partido, ele usou as cores azul-escuro e vermelho em lugar das cores tucanas azul-claro e amarelo. E o nome de Serra não aparece na capa, só na contracapa, bem pequenino.
Será que o folheto é da safra 11%, de quando Serra estava quase empatado com Garotinho no último lugar?
Cena 3: na segunda-feira passada, o presidente da República assinou ato mantendo na direção das Docas no Ceará uma funcionária apadrinhada de Tasso Jereissati, que voou do ninho de Serra para o de Ciro.
Essas três cenas bem recentes demonstram que, depois de sair do sufoco, a campanha de Serra está jogando para ganhar e até já faz planos de longo prazo. O risco de debandada é coisa do passado e, se alguém pensou em jogar a toalha em algum momento, está fazendo como Fortes: voltando a ser serrista desde criancinha.
O ritmo é de vale-tudo e, pelo jeito, o casal tucano topa até táticas de Collor. E FHC já articula apoios (como o de Tasso) para o caso de um segundo turno entre Serra e Lula e até para um eventual governo Serra.
Quando chama novas denúncias de "borbulhos políticos", FHC está exatamente entrando no clima da campanha. Depois de muitos sustos de Serra e de muito sossego de Lula, os dois ajustaram suas miras um contra o outro. Se é para haver segundo turno, ele já começou.



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