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Lenta caminhada
Estatísticas mostram avanços educacionais, mas em ritmo aquém do necessário para o país deixar a pobreza e as desigualdades para trás
Como de hábito, a Síntese de Indicadores Sociais referente ao ano
de 2009, divulgada na sexta-feira
pelo IBGE, traz dados positivos,
que evidenciam alguns progressos do país. São, no entanto, os aspectos negativos que mais chamam a atenção, em especial pelo
ritmo vagaroso com que se caminha para superá-los.
No caso da educação, área que
vai se cristalizando como a de
maior relevância na agenda de um
Brasil que pretende deixar o subdesenvolvimento para trás, as dificuldades ainda são muitas.
Se na faixa de 6 a 14 anos um
importante passo já se consolidara em meados da década de 90,
quando a quase totalidade das
crianças se encontrava matriculada em escolas, o quadro, no que
tange aos adolescentes de 15 a 17
anos, é preocupante.
Embora a taxa de frequência tenha chegado a 85,2% nesse intervalo etário, o percentual dos jovens que estão matriculados no
nível adequado à idade era de
50,9% em 2009. Acima dos 32,7%
de 1999, mas ainda pífio.
Por trás desses valores observa-se o renitente efeito das disparidades regionais: o Norte e o Nordeste
contavam, em 2009, respectivamente, com 39,1% e 39,2% de pessoas de 15 a 17 anos cursando escolas de nível médio. Esses percentuais, para que se tenha uma
ideia, são inferiores ao verificado
no Sudeste em 1999 -de 42,1%.
Assimetrias desse tipo encontram explicações em diversos fatores, mas pesam decisivamente as
diferenças de rendimento familiar. De acordo com o levantamento, entre os 20% mais pobres da
população, 32% dos agrupados na
referida faixa de idade estavam no
ensino médio no ano passado.
Considerando-se apenas a fatia
dos 20% mais ricos, o percentual
chegava a 77,9%.
Os problemas também aparecem quando se observa a média
de anos de estudo dos que têm 15
anos ou mais. Em 2009, em âmbito nacional, ela era de apenas 7,5
anos, um pouco abaixo dos 8 anos
exigidos para a conclusão do ensino fundamental obrigatório. Na
região mais rica, o Sudeste, estava
em 8,2 anos; no Nordeste, em 6,7.
Técnicos do IBGE ouvidos pela
Folha avaliam a situação educacional do país como "frágil" e
consideram que a evolução é morosa por depender de políticas públicas vinculadas às diversas esferas de governo e do número de
anos exigido para que os alunos
terminem os diversos ciclos.
Tais ponderações só fazem reforçar a urgência de conferir à
área educacional a atenção que
lhe é devida como fator fundamental para o desenvolvimento
socioeconômico do país. Infelizmente, o Brasil não tem sido capaz de diminuir de maneira mais
nítida a evasão no ensino médio,
conter as taxas de repetência e
ampliar como seria possível o
acesso ao ensino universitário.
São falhas que certamente se
refletirão no futuro. É preciso,
portanto, nos diversos níveis de
poder, deixar a retórica de lado e
investir com vigor na qualificação
dos brasileiros, o que requer, entre outras medidas, a valorização
do professor e a implantação de
políticas coordenadas para elevar
o padrão do ensino.
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