São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2010

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Editoriais

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União xenófoba

A comissária de Justiça da Comissão Europeia, Viviane Reding, pode ter sido exagerada ao evocar o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial -leia-se, o extermínio de judeus, ciganos e outros povos "não arianos" pelo regime nazista- para manifestar sua reprovação à política de expulsão de ciganos pela França do presidente Nicolas Sarkozy.
Mas a União Europeia tem razões para se preocupar com o recrudescimento da xenofobia em seus países-membros, incentivado pela pesada crise econômica que ceifa empregos e estimula a violência urbana.
É positiva, portanto, a iniciativa da instância executiva do bloco comunitário para contrastar iniciativas como a da França, que vem oferecendo incentivos financeiros para que ciganos retornem a seus países de origem (na maioria dos casos Romênia e Bulgária, curiosamente duas nações integradas desde 2007 à UE).
Preocupa, por outro lado, que no embate entre Reding e Sarkozy, os líderes dos países mais importantes do bloco tenham se alinhado atrás do presidente francês contra as críticas da comissária. Não é difícil entender os motivos da reação, quando se sabe que alguns deles, como o italiano Silvio Berlusconi, já adotaram suas próprias políticas xenófobas, como a criminalização da imigração considerada ilegal.
Apesar de ver-se sob ameaça de multa pela UE, o governo francês diz que insistirá no desmantelamento de acampamentos ciganos. A justificativa oficial para essa política de "expulsão voluntária" é que os ciganos não têm emprego, não pagam impostos, oneram os sistemas públicos de saúde e educação e aumentam a violência.
Os imigrantes que já foram bem-vindos no passado e ajudaram a construir a riqueza europeia ao ocupar postos de trabalho menos qualificados hoje são os bodes expiatórios dos males enfrentados por países de um bloco decadente -e às voltas com dificuldades agravadas pela recente crise financeira global.


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