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União xenófoba
A comissária de Justiça da Comissão Europeia, Viviane Reding,
pode ter sido exagerada ao evocar
o que aconteceu na Segunda
Guerra Mundial -leia-se, o extermínio de judeus, ciganos e outros
povos "não arianos" pelo regime
nazista- para manifestar sua reprovação à política de expulsão de
ciganos pela França do presidente
Nicolas Sarkozy.
Mas a União Europeia tem razões para se preocupar com o recrudescimento da xenofobia em
seus países-membros, incentivado pela pesada crise econômica
que ceifa empregos e estimula a
violência urbana.
É positiva, portanto, a iniciativa
da instância executiva do bloco
comunitário para contrastar iniciativas como a da França, que
vem oferecendo incentivos financeiros para que ciganos retornem
a seus países de origem (na maioria dos casos Romênia e Bulgária,
curiosamente duas nações integradas desde 2007 à UE).
Preocupa, por outro lado, que
no embate entre Reding e Sarkozy, os líderes dos países mais
importantes do bloco tenham se
alinhado atrás do presidente francês contra as críticas da comissária. Não é difícil entender os motivos da reação, quando se sabe que alguns deles, como o italiano Silvio Berlusconi, já adotaram suas
próprias políticas xenófobas, como a criminalização da imigração
considerada ilegal.
Apesar de ver-se sob ameaça de
multa pela UE, o governo francês
diz que insistirá no desmantelamento de acampamentos ciganos.
A justificativa oficial para essa política de "expulsão voluntária" é
que os ciganos não têm emprego,
não pagam impostos, oneram os
sistemas públicos de saúde e educação e aumentam a violência.
Os imigrantes que já foram
bem-vindos no passado e ajudaram a construir a riqueza europeia
ao ocupar postos de trabalho menos qualificados hoje são os bodes
expiatórios dos males enfrentados
por países de um bloco decadente
-e às voltas com dificuldades
agravadas pela recente crise financeira global.
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