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VINICIUS MOTA
Uma semana depois
SÃO PAULO - Nem sempre o destino da civilização está em jogo. Faz
uma semana que a CPMF foi derrubada no Senado, e o tamanho do estrago já parece menor. Palmas para
Lula, que domou a fúria hormonal
de assessores e impôs a serenidade.
Decidir se era melhor renovar ou
enterrar o tributo nunca foi uma
questão trivial. Argumentos "ad
terrorem" desta feita estavam prejudicados pela realidade. Faltava-lhes uma crise econômica. Mais
plausíveis eram os temores de desorganização no Orçamento provocada pelo fim abrupto do imposto.
Do outro lado não havia só capricho oposicionista. A carga tributária veio sendo aumentada ao longo
da última década. Isso evitou o colapso financeiro do país e permitiu
mitigar os efeitos de crises sucessivas sobre a população mais pobre.
Mas carga tributária elevada
também inibe a atividade econômica. Não há razão para sustentar o
ritmo de elevação de gastos públicos com o mercado de trabalho
aquecido. Faz sentido mudar a
equação e começar a devolver dinheiro ao setor privado.
Um pacto entre um e outro pólo
teria sido melhor, do meu ponto de
vista. A CPMF teria sido preservada, mediante a instalação de um
freio nas despesas públicas que permitisse a redução paulatina da carga tributária. Isso não quer dizer,
no entanto, que o resultado da votação no Senado tenha sido ruim.
O fim do imposto do cheque também trouxe conseqüências positivas. Mostrou que o Congresso pode
derrotar o Executivo, ao defender
uma grande parcela de brasileiros
que não via motivos para eternizar
um tributo "provisório". O governo
foi compelido a rever toda a sua estrutura de gastos.
O fim da contribuição vai injetar
um volume de recursos na economia cuja destinação será muito
mais benéfica para os investimentos produtivos. O Planalto estará às
voltas com problemas de caixa no
curto prazo, mas vai equacioná-los
ao longo do tempo com o PIB crescendo entre 4% e 5%.
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