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ELIANE CANTANHÊDE
Sossega, Leão!
BRASÍLIA - Antes de a CPMF ir
para o vinagre, o governo ameaçou
duramente tucanos, senadores,
gregos e troianos com aumentos de
impostos, implosão do crescimento
e fim do mundo.
Pois ontem, com igual ênfase,
mas em sentido contrário, o mesmo
governo tranqüilizou os mercados,
daqui e de acolá, dizendo que não
vai ter aumento de impostos coisa
nenhuma e que, com um ajustezinho daqui, um cortezinho de gastos
dali, uma boa gestão de lá, tudo volta ao normal gradativamente.
Ou seja: passada a votação no Senado, Lula reúne cinco ministros e
seu líder no Congresso para... dar
razão ao DEM e à parte vitoriosa do
PSDB. Acabar com a CPMF não era,
como não está sendo, o fim do mundo. Só serviria, como está servindo,
para que o governo finalmente pusesse a cabeça para funcionar e se
obrigasse a ser mais eficiente, mais
rigoroso com a gestão.
O que todos concordam é que a
saúde brasileira já é o que é e não
pode mais ser castigada. O fundamental, portanto, é recompor as receitas desse setor vital. Bons técnicos sabem como fazer. Bons governos também. Será que agora o governo federal, as oposições, os Estados e os municípios não serão obrigados a sentar e pactuar uma reforma tributária? Sei, sei, isso é o blablablá de sempre. Mas parece que é
agora ou nunca.
O pacote completo de compensação da perda da CPMF só deverá
sair em fevereiro -evidentemente
sem o carimbo de "pacote", coisa
tão velha, tão rançosa. Até lá, o que
o governo vai tentar fazer? Simplificar a cobrança dos impostos, discutir a redução da carga tributária e,
como admitiu o líder Romero Jucá,
enxugar as contratações.
Taí. Aparentemente, fez-se a paz,
e ninguém pode reclamar. O governo está falando igualzinho ao DEM,
e os cidadãos deixaram de pagar um
imposto, mas não vão pagar mais
por outro. Se é que, passado o Natal,
o discurso vai continuar o mesmo.
elianec@uol.com.br
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