São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 2009

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ELIANE CANTANHÊDE

Serra e seus múltiplos adversários

BRASÍLIA - Pelo Datafolha, Serra chega ao fim do ano com sólidos 37%, mas Dilma sobe bem e vai para 23%. A rejeição é equivalente, de 19% e 21%, e a eleição esquenta.
Na espontânea, quando o pesquisado pode chutar o nome que bem entender para presidente, Lula é o grande vencedor, com 20%, deixando os dois reais candidatos empatados em 8%. Excluída a chance de citar Lula, o resultado é significativo. Serra tem 8%, concorrendo com dois adversários: Dilma, com 10%, e o "candidato do Lula", com 8%. Faça a conta de somar. Agora, subtraia: muitos acham que Serra é o candidato do Lula, mas um dia vão parar de achar.
Logo, a oposição tem um candidato forte, mas o governo reúne condições bem favoráveis. Mais ainda considerando-se discurso, numeralha, a estrutura, a penca de partidos e, a depender do PMDB, cerca do dobro de tempo na TV.
A oposição, pois, tem de preservar e ampliar o seu principal capital: o candidato. Não dá para brincar, nem para se dividir e menos ainda para errar. O cenário é difícil.
Já o governo precisa equilibrar o apoio a Lula com o voto a sua candidata. Persiste uma enorme distância entre eles, mesmo Dilma tendo suplantado mais um obstáculo: Ciro Gomes. Em todos os cenários, ela está à frente dele, que tende a esfarelar caso entre em campanha sem Lula, sem força partidária, sem aliados e sem suporte.
Não há dados sobre a consequência da saída de cena de Aécio no quadro eleitoral, mas fica claro que os votos de Ciro, se ele trocar a eleição nacional pela paulista, vão se pulverizar. Serra, Dilma e Marina Silva lucram exatamente a mesma coisa: três pontos cada um. Ciro fica ou sai, e não muda nada.
O governo não pode errar, e a oposição, além disso, precisa acertar. O próximo passo crucial é a definição dos vices, que andou para trás no caso de Dilma e está bloqueada para Serra enquanto Aécio não vem. Se é que virá.

elianec@uol.com.br

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