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ELIANE CANTANHÊDE
Serra e seus múltiplos adversários
BRASÍLIA - Pelo Datafolha, Serra
chega ao fim do ano com sólidos
37%, mas Dilma sobe bem e vai para
23%. A rejeição é equivalente, de
19% e 21%, e a eleição esquenta.
Na espontânea, quando o pesquisado pode chutar o nome que bem
entender para presidente, Lula é o
grande vencedor, com 20%, deixando os dois reais candidatos empatados em 8%. Excluída a chance de citar Lula, o resultado é significativo.
Serra tem 8%, concorrendo com
dois adversários: Dilma, com 10%, e
o "candidato do Lula", com 8%. Faça a conta de somar. Agora, subtraia: muitos acham que Serra é o
candidato do Lula, mas um dia vão
parar de achar.
Logo, a oposição tem um candidato forte, mas o governo reúne
condições bem favoráveis. Mais
ainda considerando-se discurso,
numeralha, a estrutura, a penca de
partidos e, a depender do PMDB,
cerca do dobro de tempo na TV.
A oposição, pois, tem de preservar e ampliar o seu principal capital: o candidato. Não dá para brincar, nem para se dividir e menos
ainda para errar. O cenário é difícil.
Já o governo precisa equilibrar o
apoio a Lula com o voto a sua candidata. Persiste uma enorme distância entre eles, mesmo Dilma tendo
suplantado mais um obstáculo: Ciro Gomes. Em todos os cenários, ela
está à frente dele, que tende a esfarelar caso entre em campanha sem
Lula, sem força partidária, sem aliados e sem suporte.
Não há dados sobre a consequência da saída de cena de Aécio no
quadro eleitoral, mas fica claro que
os votos de Ciro, se ele trocar a eleição nacional pela paulista, vão se
pulverizar. Serra, Dilma e Marina
Silva lucram exatamente a mesma
coisa: três pontos cada um. Ciro fica
ou sai, e não muda nada.
O governo não pode errar, e a
oposição, além disso, precisa acertar. O próximo passo crucial é a definição dos vices, que andou para
trás no caso de Dilma e está bloqueada para Serra enquanto Aécio
não vem. Se é que virá.
elianec@uol.com.br
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