São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

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SEM TRABALHO NEM ESCOLA

Um grupo populacional cujos problemas estão a exigir das autoridades públicas um particular sentido de urgência é o dos jovens, do momento que entram na adolescência até o início da vida adulta. Aos brasileiros nessa etapa da vida -que naturalmente concentra incertezas sobre o futuro pessoal-, o precário desenvolvimento do país associa dramas maiores.
Os jovens dessa faixa etária, especialmente os homens que vivem nos maiores adensamentos urbanos, são as vítimas preferenciais da violência. O desemprego e os baixos salários também se fazem sentir com mais força nesse estrato da população.
Chama a atenção o dado de uma extensa pesquisa realizada nas principais regiões metropolitanas brasileiras dando conta de que 27% de seus habitantes entre 15 e 24 anos de idade não trabalham nem estudam. Na Grande São Paulo, dos 3,4 milhões de moradores que estão dentro dessa faixa etária, 950 mil (28%) não exercem atividade escolar nem profissional. Números do IBGE revelam que tal inatividade juvenil atinge em torno de 7 milhões de pessoas em todo o território nacional.
Parte do problema é causada pelo histórico de baixo crescimento do país e terá solução apenas com a melhora do desempenho da economia. Mas isso não redime a política pública, que tem deixado a desejar nesse quesito. Os programas que dão incentivos fiscais para empresas contratarem jovens, por exemplo, atingem porção ínfima do público-alvo.
A maior falha, porém, está na oferta de ensino. Entende-se que um jovem menor de 24 anos não trabalhe, mas não se admite que não esteja estudando e/ou sendo qualificado para o trabalho. Escolas técnicas, profissionalizantes e atentas às vocações regionais deveriam se multiplicar, especialmente nos grandes conglomerados urbanos. Faz muito mais sentido -do ponto de vista do alcance social- gastar com essas unidades educacionais do que abrir novas universidades públicas.


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