São Paulo, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

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TENDÊNCIAS/DEBATES

O renascimento do PMDB de São Paulo

BALEIA ROSSI


Na última eleição, o PMDB do Estado elegeu apenas um deputado federal e quatro deputados estaduais; é hora de reconhecer nossos equívocos


Em artigo publicado nesta Folha, em novembro passado, o vice-presidente da República, Michel Temer, tratou da dificuldade do PMDB em promover uma ação política unitária, sonho de todo partido numa democracia. O texto é direto e tem o mérito de olhar para o futuro. Mostra a necessidade de o partido eliminar feudos.
Temer tem razão. O PMDB precisa estimular o debate, superando-o para chegar a uma síntese integradora, por consenso ou decisão da maioria. Ao fazê-lo, todos os membros se obrigarão a seguir a decisão tomada democraticamente.
No passado, o PMDB resistiu às divisões internas e enfrentou manobras dos governos militares para enfraquecê-lo. Nem isso impediu que o partido continuasse sendo, desde a década de 70, o mais representativo do país, seja no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, ou seja à frente de governos e prefeituras. Paradoxalmente, essa resistência não aconteceu no Estado de São Paulo.
Fundado em 24 de março de 1966, o PMDB fez no Estado de São Paulo, seu berço, os três primeiros governadores eleitos diretamente pelo povo a partir de 1982.
Uma década depois, deixou de ser protagonista da política paulista para transformar-se em um mero coadjuvante. Individualizar a culpa por esses percalços é, creio, maniqueísmo puro.
Todos nós, do PMDB de São Paulo, somos corresponsáveis por esse contínuo esvaziamento. Na última eleição, a seção paulista do partido elegeu apenas um deputado federal e quatro deputados estaduais.
É necessário dizer mais?! Precisamos reconhecer, agora, com humildade, nossos equívocos. Alguns, históricos, acobertados pela arrogância ou pela soberba.
Descolamo-nos das grandes bandeiras de nosso partido e do esforço do PMDB de consolidar uma liderança nacional.
Vacilamos em momentos cruciais, embora tenhamos participado do avanço do país nos últimos anos, graças ao discernimento da direção nacional do partido, sob o comando do vice-presidente da República, Michel Temer.
Ainda assim, aqui em São Paulo, ficamos no paroquialismo, que nos dividiu e enfraqueceu. Já passou da hora de o PMDB paulista mudar para reconquistar seu espaço. A mudança que proponho é a da defesa do pluralismo democrático, da militância autêntica.
Defendo que o PMDB se ilumine e não repita, como recentemente, a heresia política de se recusar a acolher líderes como o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
Ainda agora o PMDB-SP se divide sobre a possível vinda do prefeito Gilberto Kassab.
Nenhum partido recusaria um político que comanda uma das maiores cidades do planeta. Claro, desde que venha como companheiro, porque o novo PMDB não aceita posturas personalistas.
Se depender de mim e dos companheiros que comungam dos mesmos anseios e ideais, o PMDB paulista não ficará mais divorciado de quem representa a população.
Vamos voltar às origens do velho e bom "Manda Brasa", agora com a maturidade de também zelar pela governabilidade responsável, sem, jamais, deixar de respeitar opiniões adversas, quer da imprensa livre, quer da sociedade civil.

LUIZ FELIPE BALEIA TENUTO ROSSI é deputado estadual (PMDB-SP) e presidente da comissão executiva provisória do PMDB-SP.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

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