São Paulo, domingo, 21 de março de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Governo Lula
"Primeiro, o governo e seus aliados deixaram de indicar os membros de uma CPI para evitar desgastes na opinião pública, em manobra supinamente contrária à Constituição (note-se que o quórum constitucional de um terço para a instauração de CPIs visa exatamente permitir um debate suscitado pelas minorias). Agora, o líder do governo na Câmara ignora determinação judicial da corte suprema e realiza sessão de outra CPI para ouvir um suspeito de prática de crimes. Enfim, parece que dois dos principais pilares do Estado democrático de Direito -legalidade e separação dos Poderes- não têm importância para os governistas. Com o discurso de que "os fins justificam os meios", o PT perpetua a mesma prática dos governos anteriores: ignora a lei e a Constituição. Não seria melhor se fossem utilizados os meios institucionais e transparentes para impedir essas medidas? Nesse ponto, eu ainda tinha esperanças de que o PT fosse diferente. Acho que me decepcionei mais uma vez."
Leonardo Vieira Marins (Niterói, RJ)

 

"Ao comparar a atividade do jogo de bingo à prostituição infantil, o presidente Lula deu prova de destempero verbal, despreparo administrativo e falta de respeito para com trabalhadores e empresários envolvidos na atividade. Querer salvar o emprego do ministro José Dirceu, vá lá; mas caluniar centenas de milhares de brasileiros por conta disso é diferente. O senhor Lula é presidente do país há 15 meses. Já está mais do que na hora de descer do palanque, moderar sua linguagem e comportar-se como primeiro mandatário da República."
Luigi Petti (São Paulo, SP)

 

"Ao contrário do divulgado pela Folha (Brasil, pág. A4 de 17/3), Rogério Buratti não colaborou comigo em nenhum momento da minha vida parlamentar nem assessorou minha candidatura a prefeito de Osasco nas eleições de 2000."
Emídio de Souza, deputado estadual pelo PT (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Ricardo Gallo-
As informações da Folha foram obtidas com um integrante da campanha de Souza à Prefeitura de Osasco nas últimas eleições e com um integrante do diretório do PT na época.

1964, 40 anos
"Está de parabéns a Folha por ter tido a coragem de publicar o artigo do ilustre cidadão Jarbas Passarinho sobre a Revolução de 64 ("Tendências/Debates", pág. A3, 19/3). É a grande verdade negada aos brasileiros. Um texto assim deveria ter ampla divulgação, principalmente para os que não viveram aqueles tempos e são, em geral, enganados pela mídia. Tomo a liberdade de acrescentar outro feito do regime: nosso mar territorial foi de 12 milhas para 200 milhas, indo contra os interesses das grandes potências. Isso é demonstração de soberania. Hoje, atendemos mais aos desejos do FMI."
Pedro Cândido Ferreira Filho (Belo Horizonte, MG)

Servidores públicos
"A foto publicada em Brasil em 18/3 (pág. A9) mostra a que ponto chegaram os funcionários públicos brasileiros. Depois de nove anos da política neoliberal de Fernando Henrique Cardoso e Lula, 127% de perdas salariais para a Polícia Federal -sem entrar no mérito da greve- são realmente o fim da linha. Enquanto isso, nós, brasileiros, arcamos com os mais altos tributos para manter o pagamento dos juros garantidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal e assistimos pacificamente à implementação do Estado mínimo, de acordo com a cartilha do Fundo Monetário Internacional. Essa política fatalmente nos levará ao fim dos serviços públicos de qualidade, transformando nossos servidores em pedintes e aumentando ainda mais nosso desequilíbrio social."
José Sinésio de Morais (São Paulo, SP)

Prefeitura de São Paulo
"Sugiro à leitora Sylvia Manzano ("Painel do Leitor" de anteontem) que tome cuidado ao buscar informações em fontes "variadas", como boletins de vereadores da base de sustentação petista da prefeita Marta Suplicy ou o sítio da prefeitura na internet. Ao buscar informações não só sobre administrações petistas, mas sobre as de qualquer partido no que eles divulgam, a leitora corre o risco de pensar que está vivendo na Suíça."
Eduardo Guimarães (São Paulo, SP)

"A Paixão de Cristo"
"O filme "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson, fere profundamente a razão e o sentimento das comunidades judaicas e de muitas comunidades cristãs. Polêmica semelhante surgiu em face de "A Vida é Bela", de Roberto Benigni, acusado, justa ou injustamente, de distorcer e ridicularizar a tragicidade do Holocausto. É óbvio que, com o aumento do anti-semitismo no mundo, o filme de Gibson parece fornecer artilharia pesada para os que continuam acreditando serem os judeus os responsáveis, há mais de 2.000 anos, por todos os males que afligem a humanidade, começando pela morte de Cristo. Gibson crucificou o núcleo essencial da mensagem, desenhando na tela os pormenores mortíferos do suplício a que foi condenado Jesus -de resto reservado àqueles que se insurgiam contra o imperialismo romano. Errou ao atribuir a responsabilidade por tamanha crueldade ao povo judaico como um todo. O filme de Gibson é, na realidade, uma ficção sangrenta, focada exclusivamente na brutalidade da dor, na violência e no terror de que foi vítima Jesus de Nazaré. O cristianismo, porém, não está centrado no culto da dor, mas na exigência radical do amor, da solidariedade e do perdão entre todos os seres humanos. Ao chamar a atenção para o destino trágico de Jesus, o cineasta construiu uma interpretação antiespiritualista dos acontecimentos, mostrando os efeitos reais da tortura e da agonia que marcaram as últimas 12 horas do homem de Nazaré."
Carlo Alberto Dastoli (Taboão da Serra,SP)

 

"Alguns textos publicados pela Ilustrada de anteontem causaram-me surpresa pela preocupação que o recente filme de Mel Gibson desperta em certas pessoas. Diz Roberto Romano, na página E7: "A dor cristã é (...), sobretudo na película de Gibson, como um fim em si mesma". Márcio Seligmann-Silva, na mesma página, acredita que o diretor australiano ressaltou que "os bons devem ter cara de anjinho (...), e os maus (...) são feios". Mas me parece que esses articulistas, como é o caso das pessoas desacostumadas a refletir sobre a Paixão de Cristo, menosprezaram aquela que, simultaneamente, é a causa e a conseqüência da morte de Jesus: o amor incomensurável pelos homens, detalhe que, necessariamente, é captado pela fé. Ademais, diante da força desse amor, é insignificante ressaltar as críticas inverídicas desferidas contra o belíssimo filme e a vida de Mel Gibson."
Roberto Rocha Luzzi de Barros (São Paulo, SP)

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