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FERNANDO RODRIGUES
O Brasil profundo
BRASÍLIA - Quem paga Imposto
de Renda conhece a situação infernal decorrente de algum erro cometido na declaração ao fisco.
Não importa a natureza do engano. O nome do contribuinte cai
num labirinto surrealista. A saída é
incerta e penosa.
Se desejar corrigir o problema, o
brasileiro comum enfrenta um calvário. Terá de ir pessoalmente a um
posto da Receita Federal, retirar
uma senha e esperar sua vez. Demora. Os azarados voltarão para casa de mãos abanando, porque faltou
um determinado papel autenticado
em cartório. Passam-se meses até
que tudo se normalize.
Não para alguns políticos. Esse é
o caso do deputado Valdir Colatto,
do PMDB de Santa Catarina. Alistado para concorrer na gincana lulista
pelo Ministério da Agricultura, Colatto teve sua situação fiscal vasculhada pela mídia.
Encontrou-se muita coisa. Nenhuma condenação definitiva, é
verdade. Mas, no Brasil, quem é
condenado? Aqui é o país do "nada
ficou provado". Chateado com os
rastros de processos antigos, na segunda-feira de manhã Colatto instruiu sua assessoria a reclamar com
jornalistas pela divulgação dos dados -informações públicas e disponíveis na internet.
Homem iluminado, avançou. Foi
premiado no início da tarde de segunda-feira com um fato inusitado:
o sumiço de seu nome no site da Receita Federal entre os que não têm
certidão negativa de débitos.
Enquanto centenas de brasileiros
esperam em filas calorentas, o laborioso político catarinense tirou a
sorte grande com o fisco. Seu nome
ficou limpo no dia em que mais precisou -coincidência, claro.
A Folha quis saber como uma
pendência é solucionada tão rapidamente. Passaram-se 24 horas. A
Receita Federal não respondeu de
maneira satisfatória. O fisco sabe
muito bem a quem respeitar.
Eis aí a DNA do custo Brasil.
frodriguesbsb@uol.com.br
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