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CLÓVIS ROSSI
O apagão do Congresso
SÃO PAULO - A base governista
insiste em impedir a CPI do apagão
aéreo, a pretexto de que não haveria
"fato determinado" a investigar.
Caramba, será que é preciso alguma
coisa mais do que ver na TV as cenas do caos aéreo em aeroportos de
todo o país para encontrar um "fato" e, ainda por cima, perfeitamente
bem "determinado"?
A desculpa não passa de mais
uma demonstração, a enésima, de
falta de vergonha do PT e dos demais partidos governistas.
Em países normais, o Congresso
não é um apêndice do Executivo. Ao
contrário, serve, entre outras coisas, para defender o interesse público, com perdão por usar expressão que não consta do vocabulário
do Parlamento brasileiro. No Brasil, o Congresso foge de sua obrigação primária de investigar e, por extensão, buscar soluções para um
problema.
Fuga mais grave ainda na medida
em que o governo demitiu-se de sua
responsabilidade e deixa o caos perpetuar-se.
É eloqüente a respeito o fato de o
brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero, afirmar que
nem "se atreve a dar um prazo" para o fim dos problemas.
Posto de outra forma, o que um
dos responsáveis pelo caos está dizendo é que não tem a menor idéia
do que está ocorrendo e, portanto,
não pode mesmo "atrever-se" a fixar prazos.
Em qualquer país sério, teria sido
demitido. No Brasil, continua no
cargo, até porque o presidente da
República não consegue decidir se a
Infraero é do Turismo, da Defesa ou
sabe-se lá que outra brincadeira
Lula pode inventar, já que, em seu
governo, apenas saúde e educação
não são para brincadeira (e nem assim funcionam direito).
E ainda vem Marta Suplicy dizer
que o caos aéreo prejudica a imagem do país. Prejudica é o país, muito mais que a sua imagem, que já é,
muito justamente, a da mais perfeita esculhambação.
crossi@uol.com.br
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