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ELIANE CANTANHÊDE
31 de março
BRASÍLIA - Ao que tudo indica,
teremos um 31 de março da pesada.
Além de já naturalmente tensa, por
marcar o golpe militar e abrir a brecha para "recados" de oficiais, a data vem chegando neste ano sob a
tensão entre as Forças Armadas e a
área de Direitos Humanos por causa do 3º PNDH e da criação da Comissão da Verdade para apurar torturas, desaparecimentos e mortes
durante a ditadura.
No dia 31, Dilma Rousseff (chamada de "ex-guerrilheira" por setores fardados) sai do governo para a
campanha, e o general de Exército
Maynard Marques de Santa Rosa
sai da ativa para a reserva.
Ele foi afastado do Departamento
Geral de Pessoal do Exército, depois que a Folha publicou trechos
de uma carta dele chamando a Comissão da Verdade de "comissão de
calúnias", cheia de "fanáticos que,
no passado recente, adotaram o
terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos". Adivinha a
quem se referia?
Colocado de escanteio pelo ministro Nelson Jobim, ficou calado.
Passando para a reserva, vai abrir a
boca? A resposta virá no dia 31, que
neste ano será embrulhado no tema dos direitos humanos. Há reações tanto à nova versão do PNDH
quanto ao desdém de Lula pelos
dissidentes em Cuba. É como se ele
escrevesse uma coisa aqui e fizesse
outra lá, ao sabor das conveniências políticas e ideológicas.
Justiça seja feita: depois do cerco
da Igreja, dos ruralistas, dos militares, do setor de comunicação e dos
ministérios da Defesa e da Agricultura, o ministro de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, que não é nenhum xiita, vem lapidando cuidadosamente o 3º PNDH para que o
diamante bruto, que visava o futuro, possa caber no presente.
Se Lula orientou Vannuchi para
ouvir e rever, que os comandantes
militares também controlem seus
subordinados, como convém. Vale
hoje o mesmo equilíbrio proposto
na distensão: "Você segura os seus
radicais que eu seguro os meus".
elianec@uol.com.br
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