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CLIMA DE CONFRONTO
Não bastasse a escalada de
invasões de propriedades rurais liderada pelo Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST), São Paulo e outros Estados
tornaram-se palco de uma onda de
manifestações de grupos ligados a
movimentos de reivindicação por
moradia -os chamados sem-teto. A
título de reivindicar mudanças nas
políticas habitacionais dos governos
estaduais e federal, manifestantes ligados a esses grupos vêm promovendo um deplorável espetáculo de
desrespeito à ordem institucional,
invadindo prédios públicos e propriedades privadas.
Ao mesmo tempo em que as lideranças dos sem-teto e dos sem-terra
partem para o confronto e apostam
irresponsavelmente na radicalização, outras situações inquietantes
contribuem para adensar a atmosfera de apreensão. São os casos do recente massacre de garimpeiros na reserva indígena Roosevelt, em Rondônia, e da guerra do narcotráfico
nos morros do Rio.
Em conjunto, esses episódios alimentam a percepção de que o Estado
se ausenta de suas funções e que a
violência e a desobediência civil tornam-se rotineiras -sem que se observem políticas sendo efetivamente
implantadas para combatê-las.
Embora digam respeito a diversas
esferas de governo, essas situações
desafiam acima de tudo a autoridade
federal, de quem se espera o exemplo. A administração Luiz Inácio Lula da Silva, no que tange ao MST, vem
dando seguidas e inaceitáveis demonstrações de leniência, tendo nomeado uma plêiade de simpatizantes do movimento para órgãos governamentais ligados à questão agrária. O governo federal mostra-se
também pródigo em exercícios retóricos, notadamente na área da Justiça
e segurança, sem que os resultados
práticos apareçam.
Não se trata de transformar a questão social em questão de polícia, mas
é preciso que as partes envolvidas entendam que os conflitos devem encontrar suas arenas nos limites institucionais, sem o que o próprio Estado de Direito estará em xeque.
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