São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2004

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CRISE LATINA

Os países latino-americanos implementaram grande parte das políticas e das reformas estruturais sugeridas pelas instituições multilaterais, como BID e FMI, e pelos governos dos principais países industrializados. Essa agenda, que se generalizou na década de 90, previa, entre outras recomendações, privatização, desregulamentação do mercado financeiro e maior abertura econômica. Tais políticas deveriam resultar na retomada do desenvolvimento econômico e social após a chamada "década perdida".
Não foi o que aconteceu. Os dados mais recentes divulgados pelo Banco Mundial (Bird) mostram que os ciclos econômicos dos países latino-americanos ficaram subordinados aos fluxos internacionais de capitais, com tendência declinante. Em 1999, a retração dos capitais resultou em uma taxa de crescimento médio de 0,1% nos países da região. Em 2000, com a retomada dos fluxos, o crescimento foi de 3,7%. Em 2001 e 2002, com o aprofundamento da crise argentina, brasileira e venezuelana, os fluxos retraíram e a economia regional voltou a cair -atingindo 0,3% e -0,6%, respectivamente. Em 2003, as baixas taxas de juros e a liquidez internacional reduziram a aversão ao risco, permitindo uma expansão dos capitais. Os países cresceram 1,3%.
Para 2004, o Bird projeta expansão em torno de 3,8%, mas, apesar da melhora nas perspectivas, o próprio banco avalia que as economias latino-americanas continuam vulneráveis a choques externos. Nesse contexto, a instituição recomenda que os países se preparem para um aumento dos juros nos EUA e evitem empréstimos externos, especialmente os de prazos mais curtos.
É relevante também que as economias da região reduzam suas vulnerabilidades externas com a busca de saldos comerciais crescentes, aumento de reservas e o desenvolvimento de mercados financeiros domésticos. São decisões que podem ajudar a diminuir a dependência dos fluxos de capitais internacionais.


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