São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Jato
"Fui surpreendido por uma menção na coluna da jornalista Mônica Bergamo no domingo 18/4. Como o colunismo se permite não checar a veracidade dos "fatos" que publica, informa-se ao leitor que eu teria participado, no ano passado, de um evento -Fórum Empresarial- cuja edição 2004 aconteceu no último fim de semana na ilha de Comandatuba, na Bahia. Na ocasião, eu teria supostamente fechado negócio com a Embraer para a compra de um avião Legacy por R$ 20 milhões. Informo, para registro, que nunca participei do evento Fórum Empresarial e que o avião a que a nota se refere foi adquirido há mais de três anos. Na época, aliás, o Legacy era apenas um projeto da Embraer. Tivemos a coragem de apostar na competência da engenharia brasileira, fato do qual muito me orgulho. No meu entender, uma decisão que é o oposto do capricho sugerido pela jornalista Mônica Bergamo na coluna."
Pedro Moreira Salles, presidente do Conselho de Administração do Unibanco (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Mônica Bergamo - A notícia da compra do avião só foi publicada, em junho de 2003, depois de confirmada por executivos do Unibanco. Sobre a data e o preço da negociação, ver a seção "Erramos", abaixo.

Oriente Médio
"No editorial "Doutrina Sharon" (Opinião, 20/4), consta a seguinte afirmação: "A questão é que as ações tomadas por Sharon tendem a reforçar a posição dos grupos radicais em detrimento de facções palestinas mais moderadas com as quais seria possível chegar a um entendimento dentro do princípio de trocar terras pela paz". Ou seja, Israel deve esperar que terroristas organizem, planejem e realizem seus ataques, pois, assim, estará dando força aos lideres moderados. Pergunto: quem são esses interlocutores moderados? A liderança palestina fez luto de três dias, decretado para honrar a morte do terrorista Rantisi. É como se ele fosse chefe de Estado, e não um assassino cruel, que mandava crianças e adolescentes se explodirem para matar o máximo de israelenses possível. Não basta a ANP reconhecer Israel, deve rejeitar e combater o terrorismo também. Está ficando cada vez mais claro que o que falta ao povo palestino é justamente essa liderança moderada, que, caso existisse, estaria comemorando a morte dos terroristas em vez de glorificá-los."
Ezra Erez Chalom (São Paulo, SP)

 

"É triste para um sionista à antiga, mas tenho de concordar totalmente com o editorial "Doutrina Sharon". O primeiro-ministro é até mais moderado do que outros integrantes de seu partido -Likud-, cujo fundador foi Jabotinsky, um confesso fanático do fascismo que apenas arrefeceu essa ligação quando começaram as perseguições a judeus na Europa. Com gente desse quilate, é possível esperar algo mais que assassinatos seletivos e muros? Podemos apenas constatar dolorosamente a queda dos valores humanistas e invenções mais tenebrosas do que essas, que cutucam a onça -ou seja, o Hamas- com vara curta."
Celio Levyman (Barueri, SP)

Índios
"Na edição de ontem, esta seção publicou a seguinte frase de um leitor: "Quando um índio matar um sem-terra, de que lado ficará o governo?". Bem, eu não tenho a resposta para essa pergunta, principalmente porque prever as reações do governo brasileiro em qualquer questão que seja é temerário. Mas gostaria de contribuir para a reflexão transcrevendo trecho de um texto de Darcy Ribeiro escrito em 1957 (bem antes do movimento dos sem-terra ganhar força em nosso país): "A posse de um território tribal é condição essencial à sobrevivência dos índios. Tanto quanto todas as outras medidas protetórias, ela opera, porém, como barreira à interação e à incorporação. Permitindo ao índio refugiar-se num território onde pode garantir ao menos sua subsistência, faculta-lhe escapar às compulsões geradas pela estrutura agrária vigente, as quais, de outro modo, o compeliriam a incorporar-se à massa de trabalhadores sem-terra como seu componente mais indefeso e mais miserável". ("Os índios e a Civilização", 1957, pág.197)."
Fernanda Eloísa Trecenti (Bauru, SP)

Estrela no jardim
"Gostaria de dizer à dona Marisa, que, como não bastassem os escândalos internos, especialmente os do terceiro andar, o "affair" Waldomiro, que abalou os alicerces do Planalto, agora surge a estrela vermelha do PT nos jardins do Planalto e do Torto. Pelo visto, até os jardineiros do Planalto desatinaram. Dona Marisa deveria assumir suas funções de primeira-dama e não permitir que jardineiros bajuladores a levassem a cair no ridículo. Deveria dar ordens para serem cumpridas -no sentido de que ervas daninhas sejam extirpadas. Esta é a função de um jardineiro: retirar os parasitas que sugam a seiva das plantas, tornando-as fracas, sem viço, deformadas e grotescas. Se fossem só os jardineiros, isso poderia ser posto na conta do desconhecimento. Custa crer que um arquiteto, o sr. José Lemes Galvão, gerente da produção do Iphan, declare de forma pouco profissional e alvar "que o canteiro de sálvia, por ser pequeno, não tem como comprometer o jardim do Palácio do Planalto". É de doer. Até onde vai o desserviço de maus funcionários? O arquiteto deveria cumprir a função de defender o complexo arquitetônico e paisagístico de um próprio nacional. O arquiteto e os jardineiros, será que não pensaram na linguagem dos jovens, que isso era "pagar mico'? A estrela do PT, cada um ponha em seu jardim, em sua casa. Advogada de profissão, lembro que o bem público, o conjunto arquitetônico de Brasília, foi criado por arquitetos e paisagistas de nível internacional e foi considerado posteriormente patrimônio da humanidade. Não comporta e nem pode estar sujeito a gaiatices. Não se deixe enganar."
Therezinha de Godoy Zerbini (São Paulo, SP)

Ciclos
"Talvez a Folha encare como ousadia uma professora da escola pública discordar do conhecido articulista Gilberto Dimenstein, mas, além de cometer a ousadia de discordar, também acho que seus argumentos não resistiriam a uma pequena vivência nas escolas estaduais. Longe de perder tempo sobre quem introduziu a idéia dos ciclos no sistema de educação do Estado, acho que as pessoas que aplaudem esse sistema não estão na sala de aula e não percebem o quanto ele destruiu no aluno o senso de responsabilidade. É muito difícil para o aluno adolescente enxergar o valor da educação, a importância do estudo. As escolas, com esse sistema, transformam-se em salas abarrotadas de alunos, adolescentes que não querem nem saber de estudar, não respeitam o professor e não dão importância ao conhecimento deste. Gostaria que o senhor Dimenstein colocasse os pés no chão e enxergasse que dificilmente os alunos de escolas públicas são assistidos por professores particulares, por psicólogos ou por psicopedagogos. Para mim e para muitos professores, a diferença entre os alunos ricos e os pobres não é a repetência, mas, sim, o direito de adquirir conhecimento -que os primeiros têm, mas aos segundos é negado. Pior do que a depressão pela repetência é a humilhação de receber um diploma e ver-se um analfabeto funcional."
Maria Cecília M. B. Garros (Paulínia, SP)

Texto Anterior: Nilvo Luiz Alves da Silva: Política e licenciamento ambiental
Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.