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OUTRA DECEPÇÃO
Provoca desalento a decisão do
Comitê de Política Monetária
(Copom) do Banco Central (BC) de
prosseguir com o processo de elevação da taxa de juros básica da economia. Esperava-se desta vez ao menos
a manutenção da taxa. A nova elevação tenderá a agravar as distorções
que o nível extraordinariamente alto
da taxa Selic vem criando.
Entre tais distorções se destaca a
tendência de valorização do real. Elevada a 19,5% ao ano, a taxa Selic se
tornou ainda mais discrepante dos
padrões internacionais. Por isso, ela
deve acentuar ainda mais a atração
de capitais voláteis e manter a cotação do dólar sob pressão de baixa.
Embora o desempenho das exportações prossiga firme, cresce o receio
de que mais à frente a valorização do
real crie dificuldades para a sustentação do seu dinamismo. A nova elevação de juros poderá aumentar a pressão de valorização do real, reforçando o receio de problemas futuros.
Interessa agora discutir os próximos passos da política de juros. A expectativa preponderante de que a escalada da taxa seria interrompida se
fundava na avaliação de que, discretamente, o BC deixava de lado o objetivo demasiado ambicioso de limitar
a 5,1% a alta do IPCA -o índice que
baliza a política de metas de inflação- ao longo de 2005.
Era essa a razão principal pela qual
muitos esperavam que se optasse pela interrupção da elevação de juros,
mesmo num contexto em que bancos e consultorias vêm revendo para
cima suas projeções para a inflação
do ano corrente, que ora se situam,
em média, pouco além de 6%.
A surpresa de ontem ampliou as
dúvidas a respeito das intenções da
autoridade monetária. De acordo
com o próprio BC, o modelo de projeção de inflação por ele empregado
indica que, mantida a taxa de juros
no nível atual, a alta de preços em
2006 tenderia a ficar bem abaixo da
meta de 4,5%. Existe, portanto, margem para reduzir os juros -que ela
seja aproveitada o quanto antes.
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