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CLÓVIS ROSSI
Cúmplices
SÃO PAULO - Não entendo a surpresa com as seguidas absolvições de deputados pelos seus pares. Com uma dúzia de exceções, que deveriam ser
mais valorizadas aliás, são todos
cúmplices, do que dá prova uma leve
rememoração de quem os parlamentares elegeram para chefiá-los na legislatura em curso.
O atual presidente, Aldo Rebelo, foi
coordenador político do governo Lula enquanto operava uma "organização criminosa", conforme a denúncia
do procurador-geral. Não percebeu
nada, nadica. Seu antecessor, Severino Cavalcanti, desertou do mandato
para não ser cassado. É o estadista
dos bêbados infratores, cuja libertação se orgulha de obter.
O primeiro presidente da atual legislatura, João Paulo Cunha, tem sua
folha corrida exposta na já citada denúncia do procurador-geral a respeito da "quadrilha".
Mas, antes, foi o orgulhoso autor da
contratação sem concurso de 1.960
funcionários (os Cargos de Natureza
Especial), ao custo de R$ 97 milhões/
ano aos cofres públicos. São funcionários que, na prática, deputados
utilizam para fazer trabalho proselitista nas suas bases.
Denunciado o trambique pela Folha, o então presidente, em vez de corrigir-se, defendeu a maracutaia com
todas as suas energias. Quando perguntei se haveria lugar para todos na
Câmara, na duvidosa hipótese de que
todos comparecessem simultaneamente ao trabalho, João Paulo admitiu que não haveria. Mas continuou
defendendo a imoralidade.
Foi, de alguma maneira, precursor
no comportamento sem vergonha de
boa parte do lulo-petismo.
Sua cassação, por falta de decoro, já
se justificaria quando era presidente,
só por esse fato, inaceitável em qualquer país sério.
No Brasil, no entanto, essa indecência ajudou a absolvê-lo, porque comprara a boa vontade de muitíssimos
de seus pares com esse tipo de favor
político com o dinheiro público.
Quem elege para ter como chefe esse
tipo de gente tem lá moral para cassar
quem quer que seja?
@ - crossi@uol.com.br
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