São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Democracia da moeda, já
CLARICE MESSER e ROBERTO LUIS TROSTER
As causas do elevado custo do crédito no Brasil são divididas em macro e microeconômicas. As macroeconômicas são a taxa de juros básica alta, a volatilidade elevada e horizontes curtos, e sua origem é o calcanhar-de-Aquiles de todos os planos de estabilização: a má política fiscal. A dificuldade em obter um equilíbrio nas contas públicas minou todas as tentativas anteriores de retomar o desenvolvimento no Brasil e encareceu o custo do dinheiro. Atualmente, a dívida interna do governo é o dobro de todo o crédito conjunto da sociedade, o que desloca recursos para financiar déficits fiscais, em vez de investimentos produtivos. A estabilidade macroeconômica é condição necessária para expandir o crédito. A origem das causas microeconômicas pode ser identificada na história do setor, que ficou fechado à competição externa até recentemente e estava voltado, como ainda está, principalmente para financiar os déficits do governo. Enquanto a questão inflacionária e as crises obrigaram o Banco Central a focar sua ação para evitar que se agravassem, a questão das causas microeconômicas do crédito caro ficou relegada ao segundo plano. Até a vice-diretora do FMI, a brilhante economista Anne Krueger, parece perplexa quando pergunta aos empresários da produção por que as taxas de juros no Brasil são tão altas. É claro que ela, como nós, identifica alguns aspectos, como o quadro legal e institucional e as condições de cumprimento de contratos. O tratamento mais adequado dessas causas pode, no mínimo, melhorar a condição de custo de capital recorde do Brasil. Com as questões da estabilização e do ajuste fiscal encaminhadas e a superação da restrição externa, retomar o crescimento econômico sustentado é a prioridade nacional. É imperante o desenho de políticas setoriais consistentes, incluindo uma política industrial e -por que não?- também uma política bancária. Não é possível crescer sem estabilidade duradoura, sem uma indústria nacional competitiva e sem bancos fortes e eficientes. Nas eleições, a esperança venceu o medo; no governo, a ação tem que vencer a inércia. Nossa capacidade de desenvolvimento é grande e temos excelentes condições de prosperidade, que devem ser bem aproveitadas. Clarice Messer Seibel, 49, economista, é diretora titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Roberto Luis Troster, 52, professor titular do Departamento de Economia da PUC-SP, é o economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: José Aristodemo Pinotti: Caiu a máscara Índice |
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