São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006 |
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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES A China e o trabalho ANTES de mais nada, devo informar aos leitores que nunca estive na China, mas busco acompanhar de perto o enorme
progresso de seu responsável povo.
Os números que chegam de lá
são estonteantes. Ao elevar a taxa
de juros de 5,58% para 5,85% ao
ano, o Banco Central esperava
frear um pouco o crescimento do
país. Ocorreu o inverso. No primeiro trimestre de 2006, a China cresceu 10,2%. As vendas internas chegaram a US$ 230 bilhões, revelando um aumento de 12,8% em relação ao primeiro trimestre de 2005.
Segundo informa a "Macro China" de maio de 2006, só no mês de
março, o país exportou US$ 78 bilhões, gerando um superávit comercial de US$ 11,2 bilhões -o dobro das estimativas otimistas. As
exportações dos produtos de alto
valor agregado tiveram um aumento de 140% em relação a 2005. É
um vigor incrível!
No mesmo trimestre, o Brasil teve queda em vários produtos que
costuma exportar para a China, o
que resultou em uma diminuição
das nossas vendas de US$ 62 milhões. O déficit só não foi maior devido ao bom desempenho dos produtos básicos e tradicionais, em especial soja e minério de ferro. As
exportações de máquinas e aparelhos mecânicos caíram 35,6% naquele trimestre.
Qual é a lição disso tudo? Precisamos explorar melhor nossas
vantagens comparativas para tirar
proveito do insaciável desejo de
progresso do gigante asiático. Afinal, são 1,3 bilhão de habitantes,
cuja renda vem subindo lentamente. Tanto que, nos principais feriados de janeiro a maio de 2006, houve um aumento de 20% no turismo
interno em relação a 2005. Cerca
de 150 milhões de chineses viajaram pelo país, o que gerou receita
de US$ 7 bilhões -um aumento de
25% em relação ao ano anterior.
E não é só isso. Os chineses começaram a descobrir o mundo. Só
no ano passado, 35 milhões viajaram para o exterior -um aumento
de 12,9% em relação a 2004. Até
2020, estima-se que mais de 100
milhões de chineses estarão se relacionando com o resto do mundo.
Em suma, o nível de atividade
daquele país continua frenético,
apesar dos grandes problemas que
tem pela frente. Para sustentar sua
superpopulação, a água é uma
grande necessidade. Embora escassa, vez ou outra provoca inundações que chegam a atrasar a produção agrícola.
É por aí que temos de abrir o nosso caminho, além de exportar
"commodities" estratégicas para o
crescimento industrial. No médio
prazo, precisamos elevar sensivelmente o nível de educação para
produzir mais, melhor e mais barato. E não menos importante será
construir, dinamizar e modernizar
a nossa fraca infra-estrutura.
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna. Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: C'est la guerre! Próximo Texto: Frases Índice |
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