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PT SOB SUSPEITA
É grave a acusação feita por
João Francisco Daniel, irmão de
Celso Daniel, prefeito de Santo André assassinado em janeiro. João
Francisco disse ao Ministério Público que soube de um esquema criminoso que achacava empresas de ônibus da cidade e que direcionava recursos para campanhas do PT.
O depoimento faz parte de uma denúncia protocolada na Justiça por
uma força-tarefa de procuradores.
Um ex-secretário de Transportes e
um empresário amigo do prefeito assassinado estão entre as pessoas acusadas de formação de quadrilha com
o propósito de financiar atividades
políticas do PT. Segundo João Francisco, o presidente do partido, deputado José Dirceu, seria um destinatário da propina recolhida pelo esquema. Dirceu e a cúpula petista negam.
O fato de a denúncia ter partido do
próprio irmão do prefeito morto
confere força à versão. Não importa,
como insinuam petistas, que João
Francisco e Celso Daniel não tivessem grande afinidade entre si. Vale
mais a impressão de que o irmão do
prefeito fala como se fosse alguém
bem próximo dos acontecimentos.
Uma razia familiar, vale lembrar, esteve na base do maior escândalo da
história recente da política brasileira,
que culminou no impeachment de
Fernando Collor de Mello.
Alguns petistas já declamam a tradicional cantilena da "perseguição
política", como se os procuradores
fossem correia de transmissão do
PSDB. Talvez ainda se agarrem à
idéia de que o diferencial do PT seja o
seu "patrimônio ético" -imagem
que vem sendo desgastada à medida
que o partido se apodera de quinhões do poder político no Brasil.
Imputar a razões eleitoreiras a ação
do Ministério Público é diversionismo. O que o público que está prestes
a decidir seu voto tem o direito de saber é se houve ou não o tal conluio
para arrecadar ilegalmente fundos de
campanha. É a essa questão que o PT
e a Justiça têm de responder.
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