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Editoriais
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Trabalhadores da cana
O COMPROMISSO nacional
para melhorar as condições de trabalho dos cortadores de cana, a ser lançado na
semana que vem, é abrangente o
bastante para ter satisfeito todas
as partes envolvidas na negociação -governo, trabalhadores e
empresários do setor.
Demandas pontuais foram sacrificadas em nome do acordo. É
o caso da reivindicação dos cortadores para o fornecimento de
alimentação no local de trabalho
e a criação de um piso nacional
para o salário da categoria. O
pleito dos usineiros por mais ajuda dos cofres públicos na entressafra tampouco foi aceito. Ainda
assim, o pacto deixa a expectativa de que se corrijam distorções
graves e humilhantes no emprego de cortadores em todo o país.
Começa a ser esboçada, assim,
uma espécie de certificação da
cana brasileira, num contexto
em que se aperta o cerco, nos
fronts doméstico e internacional, pela regularização trabalhista e ambiental da produção.
A adesão ao compromisso é voluntária e permite a inclusão dos
empresários numa lista de boas
práticas. Das 413 usinas brasileiras, pelo menos 60 já haviam manifestado interesse na assinatura
do documento.
A melhoria das condições de
trabalho dos cortadores é uma
tarefa primordial. Mas não se pode esquecer que o destino provável dessa atividade humana é ser
substituída, quase que totalmente, pela mecanização. Em São
Paulo, metade da colheita já é
realizada por máquinas.
A crise afetou a indústria sucroalcooleira, mas o biocombustível, além de manter o status de
promessa internacional, fincou
raízes no mercado doméstico. É
desnecessário enfatizar a consolidação do álcool combustível
nos últimos anos. Outro mercado para a cana, a geração de eletricidade pela queima do bagaço,
está em franca expansão.
Há hoje cerca de 500 mil cortadores no país. Programas de requalificação dessa mão-de-obra,
a fim de que possa ser aproveitada em outras funções à medida
que a mecanização se alastre, são
necessários desde já.
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