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ELIANE CANTANHÊDE
Arrombaram o cofre
BRASÍLIA - Em 9 de maio de 2002, a meses da eleição presidencial, o então
diretor de Participações do Banco do
Brasil, Sérgio Rosa, petista de carteirinha, enviou uma carta para os conselheiros da Previ nas empresas privadas, classificando como "saudável,
necessário e democrático" que essas
empresas participassem da eleição. E
ordenou que dessem satisfação sobre
"o posicionamento (...) quanto à participação efetiva no processo".
O também petista Henrique Pizzolato era conselheiro da Previ na Embraer, que veio a colaborar com R$
700 mil para a campanha de Lula
"por dentro". Até aí, tudo bem. Depois é que a história esquenta.
Lula ganhou, e 21 dos 33 cargos de
direção no BB foram trocados sem
mais nem menos, dando ao PT 5 das
7 vice-presidências, 8 dos 15 cargos de
direção e 7 das 10 gerências. Além das
presidências da Previ, da Cassi (serviço médico) e da Fundação BB (projetos na área social). Avassalador. Sérgio Rosa foi alçado à direção da Previ, que tinha patrimônio de R$ 38 bilhões, e Pizzolato virou diretor de
marketing.
Para ficar em Pizzolato: ele foi o pivô do escândalo em que o BB financiou um show sertanejo para recolher
fundos para a nova sede do PT. Já seria estranho um partido tão endividado (R$ 39 milhões hoje) brincar de
casa nova. Mas isso é o mínimo.
Agora, Pizzolato está no meio do
furacão Marcos Valério. Um contínuo que trabalhava com ele no BB foi
a um banco, sacou R$ 327 mil em dinheiro vivo, voltou e entregou os pacotes para o chefe -que, um mês depois, comprou um apartamento por...
R$ 400 mil. Haja coincidência!
Do mesmo jeito que aparelhou o
BB, o governo diz que agora está desaparelhando. Tira vice-presidente
daqui e diretor de lá. Tarde demais.
O leite está derramado, e as caixas de
dados sobre depósitos, empréstimos e
saques da "era Marcos Valério" já estão à solta na CPI e na imprensa.
O BB era quase um santuário. O governo do PT o violou.
@ - elianec@uol.com.br
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