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CARLOS HEITOR CONY
Grande causa, pequeno efeito
RIO DE JANEIRO - Há mais de um mês, a mídia vem se dedicando aos
escândalos provocados pelo PT, escândalos provados e não supostos,
mas com supostas responsabilidades
e supostas tramas. Um barulho real
que não é suposto mas que talvez resulte num suposto nada.
Não é de hoje a desproporção entre
grandes causas e pequenos efeitos.
Há exceções, é claro. O crime de Toneleros, em 1954, provocou barulho e
terminou no suicídio de um presidente da República. Anos mais tarde,
um irmão que denunciou o irmão,
entre outras coisas por se julgar
ameaçado na vida conjugal, acabou
no impeachment de outro presidente.
São exceções, repito. Prevalece o
abismo entre o escândalo e a sua solução. E, mais freqüentemente ainda,
a diluição do escândalo na normalidade de nossa vida pública.
Atribuir a culpa desta rotina de esquecimento ao povo, que facilmente
se cansa de qualquer assunto por
mais emocionante que seja, é parte
da explicação. A outra parte, a maior
parte por sinal, é da própria mídia,
que busca assuntos espetaculares e,
quando encontra um, deita e rola,
cansando o consumidor e ela própria, mídia, perdendo o rumo central, desviando-se da linha principal
e esmiuçando detalhes que nem sempre têm a ver com o caso, além de não
serem sequer emocionantes.
Há também o critério editorial que
geralmente revela o interesse de determinado veículo, jornal, rádio ou
TV, em acusar ou defender alguém
ou determinada causa. Não faz muito, um jornal abriu oito páginas compactas sobre um caso em Campos que
envolvia dois políticos fluminenses.
Parecia que o mundo vinha abaixo.
Pouco depois, uma liminar da Justiça
reduziu a dimensão do suposto escândalo a uma nota de dez linhas
perdidas no noticiário banal da cidade. O Brasil merece que os escândalos
dos Correios e do mensalão não tenham final parecido.
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